quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Coisas que me fizeram parar



Rua Oscar Freire. Mais um belo grafiti de São Paulo. E este vem com brinde de umas árvores numa bela pracinha e, nesta tarde especificamente, ainda acompanhada por voz e violão de um músico que ali parou.
Assim é São Paulo: cheia de boas surpresas pelos seus caóticos caminhos.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Eu e as surpresas

Dizem que o Pai Natal não existe. Que as fadas só vivem nas histórias de encantar. Que os super-heróis não passam de personagens dos livros de quadradinhos.
Dizem que o mundo está perdido, que já não há valores, ética ou moral. Que o ser humano é egoísta, que o mundo é cruel, que não se pode confiar em ninguém, que o consumismo rege a humanidade.
Pois eu digo que tenho visto por aí gente que dá, sem esperar nada em troca. Tenho visto gente que espalha alegria e magia pelo ar. Tenho visto gente que se supera e ajuda os outros a se superar. Tenho visto gente que se preocupa com os outros, que quer ajudar só porque sim, porque somos todos humanos e estamos aqui uns para os outros. Tenho visto gente que é gente.
E quantas surpresas boas essas pessoas são capazes de fazer!..Às vezes são coisas simples, muito simples como abrir a nossa caixa de e-mail e ter um e-mail de alguém que se lembrou de nós, que envia uma fotografia de alguma coisa que viu e achou que íamos gostar de ver - esta é especialmente para ti, V.: eu realmente adorei ver as fotografias das iluminações de Natal em Lisboa, principalmente porque elas te fizeram lembrar de mim e vi-as através do teu olhar. Outras vezes são meras palavras de carinho de quem se ama e que iluminam o nosso coração - um "te amo", "adoro-te", "tenho saudades tuas" fazem milagres na nossa energia interior. Outras vezes é dar o almoço a um mendigo ou umas bolachas a crianças de rua. Outras vezes é um presente que chega pelo correio, embrulhado em amizade e ternura. Outras vezes é doar o que uma família de refugiados mais precisa de receber ou o presente que uma criança orfã mais gostaria de receber no Natal. Podem também ser gestos - grandes, pequenos e médios- de quem nos ama e cuida de nós como de um pequeno tesouro - obrigada aos dois homens da minha vida. Outras vezes são gestos de carinho como viver longe do nosso país e nos oferecerem um doce da nossa terra porque sabem que é sempre bom sentir um gostinho de casa. Outras vezes é receber mais trabalho quando mais precisávamos porque algum conhecido recomendou. Outras vezes é uma ajuda, de qualquer tipo, no momento certo. Outras vezes é ajudar alguém em dificuldades a subir para o ônibus ou ceder o lugar sentado a quem mais precisa. Outras vezes é ver como alguém faz o seu trabalho com amor e dedicação e como isso influencia os outros de forma tão positiva, seja sendo cobrador no ônibus e esbanjando alegria e simpatia para todos os que ali passam, ou sendo professor e mudando de forma tão especial a vida de tantas crianças ou ainda sendo médico e fazendo milagres todos os dias. Alguns destes gestos deixam-nos totalmente sem palavras. E a mim, em particular, não raras vezes me levam às lágrimas. (Eu sou de choro fácil, bem sei. Não tenho vergonha de o admitir.) São gestos totalmente inesperados. Muitas vezes superam aquilo que de melhor podíamos esperar que acontecesse. A minha avó sempre disse: "pensa positivo, que boas energias atraem boas coisas". Às vezes, mesmo não pensando coisa nenhuma, a vida presenteia-nos. E eu só posso acreditar que alguma coisa de bom eu tenho feito por aqui - e quando digo "aqui" não quer dizer São Paulo, mas sim este universo onde recebemos a dádiva da vida. Este ano, por exemplo, o Pai Natal existiu de facto nas nossas vidas. Com um enorme sorriso no rosto disse-me: "vou dar isto ao seu filho." E eu, com lágrimas a lavar-me o rosto, não quis acreditar que o grande desejo do Mateus ia realizar-se. O desejo que nós andávamos a planear realizar no aniversário dele, com muitas contas de cabeça e algum sacrifício. E, de repente, ali estava ele, à minha frente. Agradeci, incrédula. Para eles - a "família Pai Natal"-  talvez não tenha sido nada de mais. Um presente. Um ato de desapego. Fazer um amigo feliz. Para nós foi muita coisa. Não só pelo presente em si, mas pelo gesto, pelo carinho, pela surpresa, pela felicidade do nosso filho - não há coisa que importe mais do que isso.
Dias depois, o Mateus também separou uns brinquedos para oferecer, como fazemos de tempos a tempos e, sem saber, acabamos por também realizar o maior desejo de um outro menino, o que me faz concordar em absoluto com as palavras de Oprah Winfrey:

"Dei a outra pessoa o mesmo que havia recebido. E, se existe algo que eu sei de verdade, é que é para isto que estamos aqui: para darmos continuidade ao ciclo de generosidade."
Pois façamos isso e, sem perder a fé uns nos outros, porque certamente quando damos o melhor de nós...