quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Nós e a corrida de São Silvestre

Última manhã do ano em São Paulo é dia da corrida de São Silvestre. O evento é um dos mais tradicionais da cidade. Reúne milhares de atletas, entre profissionais e amadores. Entre os amadores, encontra-se de tudo um pouco: desde as pessoas mais idosas que dão um belo exemplo de saúde e superação a todos nós, aos amadores que treinam o ano inteiro para dar o seu melhor, e há também aqueles que só querem é participar da festa e chegar ao final. Este ano e o ano passado ficámos na Avenida a vê-los passar. Passaram os atletas que iam melhor classificados, e outras tantas centenas de pessoas - um verdadeiro mar de gente, a perder de vista na avenida- incluindo fantasiadas: passou o Papai Noel, o Batman, o Flash Gordon, o Homem de Ferro, o Ayrton Senna. Passou um grupo de pessoas a empurrar uma criança numa cadeira de rodas, o que foi um momento verdadeiramente comovente. Nós, no público, íamos aplaudindo e incentivando. Muitos deles, atletas, apesar do esforço e cansaço, iam-nos brindando com os seus "bom dia!" e "feliz ano novo", alguns deles faziam realmente a festa!
O nosso principezinho, no final, confessou: "do que eu gostei mais foi de ver as pessoas fantasiadas!"
Eu, do que mais gostei foi do ambiente de festa e confraternização. De ver toda aquela imensidão de gente, de ambos os sexos, de todas as idades, de todas as nacionalidades, etnias, reunidas num mesmo espírito: de entrega, de alegria, de comemoração do ano que passou e do que está para chegar. Também eu te dou as boas vindas, 2015. Estou pronta para me dedicar a ti, de corpo, alma e coração.






terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Quando chove em São Paulo...



....chove mesmo! Consigo ouvir o Capitão Haddock, grande amigo de Tintim, vociferar "Com mil raios e trovões!" ou posso até entender melhor o medo que os gauleses tinham que o céu lhes caísse na cabeça.

Nestes dias, é comum ver as pessoas a tirar os sapatos e atravessar a estrada com água pelo tornozelo, e outras tantas a segurar chapéus de chuva totalmente destroçados.

Mas...nos tempos que correm, é bom que a água corra mesmo!..Com mil raios e trovões!

Coisas que me fizeram parar



Gosto desta imagem. A ideia de um ser que transpõe os obstáculos mais difíceis, que não se detém numa barreira, que teima em crescer e florescer apesar das adversidades e existir em plenitude seja em que circunstância for, não se deixando sucumbir perante nada. A ideia de uma parede, fria, dura, inflexível, que se curva perante a beleza e abre uma brecha para que ela passe, para que ninguém a perca.

Afinal, nada é tão fraco, e nada é tão intransponível quanto possa parecer à primeira vista.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Sabedoria popular

No trânsito caótico de São Paulo, um destes dias, comentava o taxista:

"Para quê tanta pressa se o nosso destino é a morte?"


E num trajeto de ônibus, conversavam um senhor e uma senhora já de certa idade, e a dada altura ele comenta:

"Ainda ninguém me veio dizer que lá em cima [e aponta com o dedo para o céu] é melhor do que aqui, por isso, vou ficando por aqui mesmo que está bom!"

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Nós e o Itaú Cultural

O Itaú Cultural, situado em plena Avenida Paulista, é um dos nossos programas preferidos de final de semana. O espaço promove, no último final de semana de cada mês,  atividades direcionadas para as crianças, uma feirinha de troca de livros, Cds e DVDs, o cantinho de leitura e um espetáculo. Aliado a isso, o espaço tem sempre diversas exposições que podem ser visitadas - não necessariamente para crianças mas que elas podem apreciar também.
O programa vai das 14h até cerca das 17h quando termina o espetáculo. Os ingressos para o espetáculo são distribuídos gratuitamente a partir das 14h na bilheteria, logo à entrada do edifício. Não convém deixar para muito próximo da hora do espetáculo (16h) pois arriscam-se a não ter ingresso.
A atividade do dia inicia às 14h e está normalmente relacionada com o espetáculo que vai ocorrer mais tarde. No mais das vezes são oficinas, mas também pode ser contação de histórias, atuação de músicos, atores circenses ou outras tantas mais. O espaço é bem organizado e as atividades muito educativas e cativantes.
A feirinha de troca de livros, Cds e DVDs tem um conceito simples: leva-se de casa o que se quer trocar, e traz-se o que se escolheu disponível na banca da feirinha. Já a execução nem sempre é tão simples: para os pequenos, desapegar das suas coisas nem sempre é encarado de bom ânimo, mas tem sido um desafio conquistado a pouco e pouco aqui em casa e com muito bons resultados! A senhora responsável pela feirinha é de uma disponibilidade e simpatia admiráveis! Para além dos livros da feirinha, a criançada tem disponível alguns livros do acervo infanto-juvenil da biblioteca do Itaú, e é vê-los, esparramados nas almofadas ali espalhadas para a ocasião, a devorar os livros.
No último final de semana assistimos à peça Pedro e o Lobo, pelo teatro de bonecos Giramundo. Maravilhoso! Os bonecos, feitos de madeira, são de uma expressividade impressionante, muito bem construídos e muito bem manuseados pelos atores. Os atores, além da sua qualidade de interpretação, são atenciosos com as crianças: no final do espetáculo, permitem que os pequenos toquem nos bonecos, dêem abraços, beijinhos, tirem fotos com eles no colo, enfim, que interajam como quiserem e, paciente e generosamente aguardam que o espetáculo realmente acabe por esse dia.
Giramundo permanece no Itaú com uma exposição muito interessante sobre a construção dos bonecos e ainda realizará alguns espetáculos até meados de Janeiro. Imperdível!

Personagem Pedro, de "Pedro e o Lobo"

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Eu e as eleições (II)

Não entendo. Não consigo entender como é que um país que, de forma tão admirável, se mobiliza como no ano passado para sair às ruas para protestar contra o status quo, na hora de escolher o rumo do país opta por... deixar tudo como está. Não há qualquer coisa de estranho nesta equação? Milhares e milhares, milhões!, saíram às ruas, milhares vaiaram a Presidente em ocasiões até constrangedoras perante a comunidade internacional e eis que...ela reelege-se. Por pouco, diga-se, e herdando um país mais dividido do que nunca - pode traçar-se uma linha diagonal no país dividindo quem votou em quem- mas ganhou.

Por favor, não protestem mais. A hora de protestar era esta. Ontem. Em cada urna eletrónica espalhada pelo país. Daqui para a frente, não protestem. Quando faltar a água, não protestem. Quando o filho não tiver vaga na creche. Quando o filho tiver vaga na creche e virem a precaridade que vos espera. Quando os preços das coisas nos pesarem nos bolsos. Quando as pessoas não conseguirem consultas, cirurgias ou sequer atendimento num pronto-socorro. Quando a educação continuar a deixar (e muito!) a desejar. Quando as obras ficarem paradas. Quando a segurança continuar a ser um problema. Quando o emprego escassear. Não protestem. Por favor. Esses protestos atrapalham a vida a milhares de pessoas que querem ir trabalhar e não conseguem, que querem voltar para casa e não sabem como.

Em São Paulo, a maioria dos votos (Aécio venceu com uma margem de cerca de 7 milhões de votos) refletiu o desejo de mudança. Por mais que os protestos me tenham atrapalhado a rotina, ter voltado a pé para casa, não foi em vão. Pelo menos, vale-me o conforto da coerência. E resta-nos a esperança nas mudanças e no tão prometido e anunciado futuro melhor para o Brasil!

Coisas que me fizeram parar




Não sei qual foi a motivação de quem escreveu estas palavras. Seria uma crítica política? Atrevo-me a dizer: provavelmente.
Seja como for, eu que ando a percorrer ao de leve os caminhos da meditação e afins, não pude deixar de sorrir ao ver isto escrito num quadradinho no chão. Parecia um convite para sentar e meditar. Interessante como esta proibição pode soar como um convite à liberdade: atirem os pensamentos fora e flutuem na leveza dessa ausência.

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Eu e as eleições

As eleições aqui no Brasil diferem em vários aspetos das eleições em Portugal. A urna eletrónica é uma das diferenças - em Portugal ainda votamos "à moda antiga". Essa diferença permite que num país com cerca de 200 milhões de habitantes, os resultados das eleições sejam conhecidos algumas horas após o final da votação. Outra diferença é o facto de aqui o voto ser obrigatório. Quem falta à votação, tem de justificar a falta ou fica sujeito a uma série de consequências penalizantes. O voto obrigatório gera uma série de perversões no sistema. Desde logo, a falta de consciência na hora de votar. Sem dúvida quando o voto é facultativo, quem "se dá ao trabalho" de ir votar, fá-lo por qualquer convicção política ou de cidadania. Opta por dedicar o seu tempo e energia a isso. Alguma coisa há-de mover a pessoa que faz essa opção. Alguma coisa sua: convicção, crença, esperança, consciência. Infelizmente, quando o voto é obrigatório, podem surgir (como já aconteceu no passado) nas regiões mais remotas do Brasil, casos em que o que move a escolha das pessoas é o "incentivo financeiro" que recebem por essa "escolha". Claro que, tal como nos países em que o voto é facultativo, há muitas e muitas pessoas que votam aqui com consciência de dever cívico e plena convicção da sua escolha. Provavelmente se o voto fosse facultativo no Brasil, os destinos do país seriam outros. (Pelo menos, com certeza não haveria o "efeito-rebanho" ou o voto "num qualquer" só porque "tem de ser"). Outra diferença é que aqui, seja em que eleição for, vota-se sempre na pessoa específica que se quer ver no cargo ( deputado, senador, etc). Em Portugal, regra geral, vota-se no partido da preferência, e os deputados são eleitos proporcionalmente aos votos que o partido recebeu. Esta característica dá origem àqueles horários de propaganda eleitoral caricatos que se vêem aqui. Como dizia há meses um locutor da Rádio Cultura: "Por Deus: nós não merecemos!" É as mulheres-fruta, os palhaços, cantores, ex-futebolistas, "zés da farmácia" ou "zés metalúrgicos", Professor A, B ou C e tantos tantos outros exemplos. Como diz o maridão: "se não fosse trágico, seria cómico." Em Portugal, diga-se, muitas vezes nós nem sabemos bem a que figura estamos a dar assento na Assembleia.
Sabem o que, infelizmente, não muda? A falta de conteúdo de ideias discutidas. Nesta eleição presidencial, particularmente, o nível do que se discute é tão baixo que só dá para lamentar. Um país com tantos recursos naturais, com tanto potencial, merece uma classe política que saiba levar a bom porto os rumos do país. O que não muda é, regra geral, a qualidade dos políticos. E o que nós esperamos e desejamos é que as coisas mudem!
Que ganhe o que for melhor para o Brasil.





domingo, 12 de outubro de 2014

Coisas que me fizeram parar




Uma fofura... A preencher de alegria e ternura uma rua próxima à Brigadeiro Faria Lima.

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

E eis que chove!

Aleluia! Sejas bem-vinda, chuva! Por mais que seja uma chatice para mim deslocar-me pela cidade com a tua companhia, tomara que venhas para ficar por uns dias, deleita-te, espalha-te por aí, principalmente pela região da Cantareira. Mergulha sem dó nem piedade naquela terra seca, entra por todos os poros, pula, brinca, faz a tua música naquele chão e depois deixa-te por lá ficar, bem serena a encher tudo o que puderes daquele espaço.
Ficamos-te gratos.

Conversas paralelas

No ônibus, a cobradora diz:

- Quero ver quando estiverem circulando os novos ônibus!.. Com o wi-fi gratuito, vai ter um monte de gente a ficar distraída e errar o ponto!

Um senhor de idade, com as sobrancelhas arqueadas e o rosto enrugado em forma de ponto de interrogação, diz:

- Ai quê?


- Wi- fi, senhor - responde a cobradora- Aí que o senhor vai ver.


- É...Ai quê? - insiste ele.


- Wi-fi: internet.


- Ah tá...- diz ele com ar de quem não entendeu nada mas prefere deixar como está.
E saiu no ponto que queria.



segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Coisas que fazem toda a gente parar



O trânsito em São Paulo.
Aqui eram cerca de 16 horas.
Graças a Deus nós não estávamos ali em baixo!

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Coisas que me fizeram parar....

....e me valeram uma bela gargalhada!




(Clicar na imagem para ver aumentado e aproveitar todos os detalhes deste recado deixado num prédio da Rua Óscar Freire.)

domingo, 22 de junho de 2014

Coisas que me fizeram parar

 Em plena Avenida Brasil, um cenário inesperado:







Coisas que me fizeram parar

Em plena Avenista Paulista. O ônibus parou no sinal vermelho. Eu, de cabeça encostada ao vidro, deparo-me com esta frase:




Não posso deixar de sorrir. Non sense....Mas curioso. Principalmente o nome que consta na assinatura.

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Coisas que me fizeram parar

                                                                       

Um...
Dois...
Três...

terça-feira, 27 de maio de 2014

Coisas que me fizeram parar




Uma árvore enorme içada por um guindaste igualmente grande. E eis que desapareceu atrás do muro de uma qualquer moradia luxuosa.
Quem pode, pode.

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Nós e o CineClubinho

Se há bom programa para se fazer em São Paulo quando se tem uma criança pequena é ir com ela ao CineClubinho. Todos os domingos do mês, o CineSesc da Rua Augusta, apresenta um filme infantil às 11 horas. A distribuição de ingressos começa uma hora antes e, quando se trata de filmes em 3D, dizem que antes das 10 horas a concorrência já é grande. No mais das vezes, chegar 40 minutos antes da hora marcada para o início do filme costuma ser suficiente. Uma vez que a distribuição de ingressos se inicia uma hora antes da exibição do filme, há animadores que se ocupam em distrair a criançada. E, regra geral, são belas distrações e a pequenada diverte-se bastante!
Há crianças de todas as idades, desde bebés a adolescentes. O ambiente é descontraído e ninguém leva a mal que um chore de vez em quando ou que alguém tenha de sair a meio. Os pequenos estão ali a aprender a ser (bons) espectadores de cinema.
O CineSesc dispõe de um pequeno Café Viena que tem um pão de queijo e um pão de café recheado de chocolate deliciosos e de preço acessível. (A broa de fubá também é ótima!) À porta do cinema também fica um senhor a vender pipocas num carrinho ambulante que faz muito sucesso!

Fica a dica e...bons filmes!

Coisas que me fizeram parar


quinta-feira, 22 de maio de 2014

Coisas que estão a fazer toda a gente parar

A paralisação dos motoristas e cobradores de ônibus. A mim, afetou-me nos dois dias anteriores. No primeiro dia, tive de ir trabalhar de táxi uma vez que não passava um único ônibus. Quando me dirigia para um outro ponto mais distante, fui informada por uma senhora que os motoristas estavam a parar naquele ponto e a pedir (ou mandar, mais propriamente) que todos os passageiros descessem ali. Depois, cada um que se virasse como pudesse. Toda a gente, logicamente, indignada. Como o trajeto que eu tinha de percorrer era curto e já estava em cima da hora, fui de táxi. Quando voltava para casa, a situação estava ainda mais complicada. Um trânsito infernal, que me impossibilitava de voltar de táxi- iria pagar uma fortuna! O único ônibus que passou, estava cheio, literalmente a rebentar pelas costuras. Gente, gente e mais gente a caminhar pelas ruas ou acumular-se nos pontos de ônibus, e esses, nem vê-los. Estavam todos parados nas garagens ou no meio da rua, o que é um desrespeito ainda maior, porque além de prejudicar os usuários do transporte público, prejudicam quem se está a deslocar de carro. Acabei por voltar para casa a pé. Durante todo o caminho não vi um único ônibus. No dia seguinte, esperei quase 1 hora pelo ônibus. Nada. Voltei para casa. Hoje, felizmente, a situação parece estar regularizada. Nós, gente que precisa de utilizar o serviço público de transporte, agradecemos. Foi uma falta de respeito o que aconteceu nestes dias. Nem falo por mim, mas por gente que teve de caminhar 10 vezes mais que eu para chegar a casa, ou para chegar a um outro meio de transporte, gente que se acumulou nos outros transportes disponíveis em situações desumanas, gente que demorou 3 horas a chegar a casa ou outros ainda que tiveram de dormir - meu Deus, atentem no absurdo disto-, dormir nos terminais de ônibus porque não teriam como ir e voltar para trabalhar no dia seguinte e não se podem dar ao luxo de perder o emprego.

Não é assim que se resolvem as coisas. Não pode ser assim. Não pode ser a prejudicar pessoas que nada têm a ver com as reivindicações em causa- sejam elas justas ou não.

terça-feira, 20 de maio de 2014

Coisas que fizeram toda a gente parar




Chuva de granizo. E que senhor granizo! Pedras enormes e a perder de vista caíram de forma ruidosa durante um longo período de tempo e cobriram parte da cidade de branco. Olhando de repente, parecia que estava tudo coberto de neve.
Invulgar. (Dizem mesmo que nunca antes visto).
O tempo está louco.

quarta-feira, 5 de março de 2014

Eu e o carnaval

Quando era criança tive a sorte de ter uma avó costureira de muito talento e uma mãe que aprendeu muito com ela, por isso, tive sempre fantasias de carnaval personalizadas e bem mais elaboradas do que as que eram vendidas nas lojas. Lembro-me de me ter mascarado de princesa indiana, de palhaço e de Sheera, por exemplo. Depois, deixei de achar graça a mascarar-me no carnaval. Não quis mais. O carnaval era só um dia diferente na escola em que os meninos mais pequenos como o meu irmão se mascaravam e ficavam umas fofuras, e nós, não tão pequenos, tentávamos sempre ir sem farda para a escola. Durante alguns anos, até colou a história de "estar mascarado de civil" e era uma alegria para nós, um dia no ano, andarmos na escola sem a farda cinzenta de todos os dias. Era também a temporada de caça com ovos e balões de água. Nem sempre agradável...Ainda para mais considerando que o carnaval, em Portugal, corresponde a uma época de frio.
Também sempre nos entrou pelas cores da televisão as imagens do carnaval no Rio de Janeiro. Crescemos com aquela imagem que nos vendem: carros enormes, com bonecos e todo o tipo de parafernália decorativa e, claro, as mulheres de corpos esbeltos e impressionantemente trabalhados que se exibem em fantasias minimalistas. Eu nunca entendi nada do que se passava aqui no carnaval. Só que há pessoas que vivem o ano inteiro a pensar nisso, que é uma imensa festa, que as mulheres andam nos desfiles praticamente sem roupa, como se estivessem na praia em pequenos biquinis , e que os desfiles são uma mostra de enormes e sumptuosas maquinarias de ornamentação. Pois agora pasmem-se: o carnaval, afinal, não se trata só de mulheres a abanar os "bumbuns" desnudos. Cada desfile tem um fio condutor: o enredo. Um tema. A partir desse tema, constrói-se o samba: melodia e letra da música. A partir da letra da música, são imaginadas várias alas: conjuntos de pessoas com a mesma fantasia. Cada ala representa algum aspeto que é retratado na música, ilustra visualmente alguma temática que é cantada no samba. No fundo, é tudo uma grande encenação.
Uma das coisas mais importantes de qualquer escola de samba é a bateria: o conjunto de pessoas que constitui a percussão. Isso, para mim, é impressionante. Talvez por a minha formação ser na Música. Centenas de pessoas, de todas as idades, desde crianças a mais maduros, com vários tipos e formas de instrumentos de percussão - alguns eu nem sabia que existiam!-, guiados por gestos ou apitos. Uma sincronia emocionante de pessoas que, na sua grande maioria, não têm qualquer formação musical. Ainda assim, com empenho e muita paixão, agarram nos instrumentos, e conseguem executar, sem fugir à pulsação, combinações rítmicas durante mais de 1 hora, ininterruptamente. É admirável. Eu já desfilei por uma escola de samba de São Paulo e digo-vos: os momentos iniciais do desfile quando os cantores lançam o "grito de guerra" e os primeiros passos que se dão na avenida são verdadeiramente emocionantes.
E, na verdade, para além de tudo isto: o carnaval é uma competição! Quem diria? É uma competição entre escolas de samba! Há um juri atento a cada passo de cada ala, critérios de avaliação e, no final, um vencedor.

Bloco Esfarrapado
Não sei se sou só eu, mas nunca na vida, lá do outro lado do mundo, nada disto me tinha passado pela cabeça. Parecia-me tudo...aleatório. Só um monte de gente fantasiada a passear pela avenida. Realmente até existe esse tipo de carnaval aqui: são os blocos. Um monte de gente fantasiada (ou não), pelas ruas fora a seguir um carro (trio elétrico) em que uma banda ou cantor vai em cima a animar a festa. O outro, o tal das mulheres a sambar na avenida com fantasias que tapam apenas o essencial , não é nada disso. É uma acérrima competição, e as pessoas tendem a torcer pelas escolas de samba da mesma forma que o fazem pelas equipes de futebol: cada um torce incondicionalmente pela sua.
Bloco Esfarrapado
Quando se vê o carnaval com os olhos daqui, é bem diferente o cenário com que nos deparamos- pasmem-se novamente: segundo uma pesquisa, cerca de metade da população brasileira não gosta de carnaval! E muitos brasileiros lamentam que o seu país seja apenas visto, por muitos, como uma mera conclusão precipitada baseada em flashes de imagens: o país do futebol e do carnaval, leia-se, das mulheres vistosas e pouco vestidas a balançar-se pela avenida dos desfiles. É isso, sim, e, felizmente, muito mais também. Não são (só) os "cartões postais" que fazem um lugar.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Coisas que me fizeram parar


Numa semana era esta a movimentação...





...e na semana seguinte era este o resultado final.




Av. Brigadeiro Faria Lima