quinta-feira, 23 de julho de 2020

Eu e Tu


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Percebo agora que eras Tu. Eras Tu quando eu acreditava que podia transpôr qualquer limite do meu corpo a cada pirueta, mortal, acrobacia ou demonstração de flexibilidade. Eras Tu quando eu sentia a pura  liberdade de voar e fazer com o corpo o que pareceria impossível pelas leis da física. Eras Tu quando eu fechava os olhos na praia e me deleitava nas cores e formas que me apareciam. Eras Tu a cada queda, a cada derrota e eras Tu em cada conquista. Eras Tu em cada caminho não tomado, em cada pedra no caminho, a cada encontro e desencontro. Percebo agora. És Tu a cada harmonia e melodia que me arrepia a espinha. És Tu em cada livro, cada frase ou poema que me fala ao coração. És Tu numa bebida quente no inverno e numa bebida gelada no verão. És Tu no perfume das flores, no cheiro da maresia e da relva molhada. És Tu quando o meu cão deita o focinho no meu colo, no canto do sabiá e no vôo planado da gaivota. És Tu num bom filme ou obra de arte, e na energia inigualável de um evento desportivo ou de um concerto. És Tu no amor, na paixão e na amizade e és Tu na ausência deles. És Tu a cada pôr-do-sol ou lua cheia que me faz parar. És Tu nas cores do arco-íris, nas ondas do mar e na leve brisa que me acaricia o rosto nas tardes abafadas. És Tu no azul do céu, nas nuvens desenhadas e nas estrelas cintilantes. És Tu nos campos de girassóis, nos ramos das  árvores que dançam ao sabor da aragem, nas cores das folhas de outono e também na neve e na chuva que nos impressiona com a bela coreografia que faz no chão. És Tu nos vitrais da Igreja, no cume da montanha e no grão de areia. És Tu no sorriso do meu filho, nas horas de brinquedos espalhados no chão e és Tu nos desafios da convivência. És Tu no abraço de quem amamos, no encontro de almas e corpos, nas gargalhadas de doer a barriga, nas lágrimas de alegria e nas de tristeza também. És Tu na cereja doce, no pão quente com manteiga e no bolo acabado de fazer. És Tu no trabalho, no descanso, na dádiva e na perda. És Tu quando ajudamos e Tu quando somos ajudados. És Tu a cada coincidência, acaso e plano que não dá certo. És Tu nos acertos e nos erros (que são dádivas para nos fazer evoluir). És Tu na esperança e és Tu no desespero. És Tu na intuição, no sonho e na visão. És tu na inspiração e na respiração e no ténue e precioso espaço entre cada uma delas. És Tu na imensa escuridão dos olhos fechados e no silêncio que lá encontramos. És Tu o Começo e o Fim. És Tu Aqui, Ali, Agora, Antes e Depois. Percebo agora que eras Tu. És Tu. Percebo agora. Sou Eu.