O título não pretende ser um plágio mas uma vénia a esse grande livro desse grande escritor/cronista: As minhas aventuras na República Portuguesa (Miguel Esteves Cardoso). Neste humilde endereço, apenas um pouco de tudo, um pouco de nada, muito de mim.
terça-feira, 31 de janeiro de 2023
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segunda-feira, 30 de janeiro de 2023
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domingo, 29 de janeiro de 2023
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sábado, 28 de janeiro de 2023
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sexta-feira, 27 de janeiro de 2023
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quinta-feira, 26 de janeiro de 2023
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Algumas pessoas parece que sempre fizeram parte da minha vida. Não faço a mais pequena ideia quando as vi pela primeira vez, nem quando nos aproximámos.
Lembro-me de estarmos as duas no coro da escola. Talvez seja a memória mais antiga da nossa amizade embora, nessa época, não fôssemos ainda amigas. Depois começámos a ser colegas no piano. Adiantamos um pouco na história - porque, lá está, é tudo uma grande nebulosa - e lá estávamos nós, o nosso grupo do piano, a incentivarmo-nos uns aos outros, a rir dos nossos medos, a partilhar as nossas dúvidas. As nossas horas de pré-audição eram épicas! Nunca competimos, sempre torcemos genuinamente uns pelos outros.
Ali, foi realmente o começo da nossa amizade, embora seja impossível precisar o momento exato em que isso aconteceu.
Desde aqueles tempos, foi crescendo, entre nós as duas, um afeto, carinho e confiança que fez com que a nossa amizade florescesse e sobrevivesse a tempos e distâncias. Houve momentos de maior afastamento mas, sempre que voltávamos a falar, era como se tivéssemos estado juntas no dia anterior! A nossa cumplicidade tornou-se inabalável. Estivemos juntas em momentos bons - quantos ataques de riso já tivemos juntas? - e maus. Por vezes, fomos, uma para a outra bússola e tábua de salvação. O mais curioso de tudo é que, foi no período em que cada uma de nós estava emigrada em outro país, a milhares de quilómetros uma da outra, que a nossa amizade mais se fortaleceu. E, hoje, quero celebrar essa amizade que é, para mim, um verdadeiro porto-seguro, de valor incomensurável. Celebro a tua presença, o tempo precioso do teu dia que tiras para me perguntar se está tudo bem. Celebro o espaço de abertura e respeito mútuo que cultivámos e que nos permite, com total segurança, sermos quem somos, sem julgamentos, sem cobranças. Celebro o teu incentivo, as dicas, as críticas feitas de forma tão cuidada. Celebro os livros, filmes e todas as demais descobertas que partilhamos e comentamos. Celebro, e tenho muito orgulho, no teu percurso, nas tuas realizações, nos teus sonhos, no teu talento. Celebro as tuas qualidades humanas, a tua empatia, a tua força, a capacidade admirável que sempre tiveste de pensar pela tua própria cabeça.
Celebro o facto de te saber aí. De nos sabermos aqui. Contigo, acima de tudo contigo, aprendi que "não há longe nem distância" entre verdadeiros amigos. Sou grata por os 8000 km que nos separam atualmente não te terem afastado ou desanimado. Sabes que podes sempre, sempre contar comigo. (Eu sei que conto contigo também.) Espero que este ano seja maravilhoso para ti! Que possas viver Hoje de forma incrível, e cada Hoje que lhe suceder. Mereces muito! E eu sei que vais ser muito, muito feliz. Estarei lá para o celebrar. Feliz aniversário, senhora dona!
quarta-feira, 25 de janeiro de 2023
Feliz aniversário, São Paulo!
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terça-feira, 24 de janeiro de 2023
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A verdade é que a própria Natureza é feita de padrões: as folhas das árvores, as sementes das frutas, as conchas do mar, as pétalas das flores. Da mesma forma, vamos sempre ter padrões na nossa vida. A primeira questão é: percebermos os padrões, termos a capacidade de os identificar. Esta talvez seja a tarefa mais difícil. Estamos rodeados de "espelhos", mas nem sempre estamos preparados para olhar para eles ou para enfrentar o que eles nos mostram. A segunda, tão ou mais importante, é decidir se esse padrão que identificámos deve permanecer. Eu sugeri ao meu filho o que vou sugerir aqui: por que não investir mais em dar continuidade a padrões positivos e em criá-los? Se alguém foi gentil consigo, passe essa gentileza adiante. E pratique atos de generosidade, gratuitos, desinteressados - quem sabe esse ato reverba em outras pessoas e se estende numa cadeia mais vasta? (Eu acho que a máxima sugerida há mais de 2000 anos por Jesus Cristo, continua a ser a mais sábia: faça aos outros aquilo que gostaria que lhe fizessem.) Acima de tudo, descarte tudo aquilo que não lhe serve mais. Não importa o que lhe fizeram, não importa em qual padrão foi emaranhado: o que importa é o que escolhe fazer com isso. Coisas que nos trazem emoções negativas, que nos amarram, nos impedem de evoluir, não devem ser mantidas. Pode estar há 20 anos sob esse padrão! Não tem importância: basta um dia para decidir libertar-se dele! Solte as amarras e arrisque novos rumos!
segunda-feira, 23 de janeiro de 2023
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A busca de sentido faz parte da nossa natureza. Mas o nosso equívoco talvez seja pensar que esse sentido pode estar descrito num livro de algum sábio, explicado com equações matemáticas e postulados lógicos. Talvez a nossa busca não seja de um sentido, mas de um sentir. É o sentir que nos percorre por dentro, que penetra em cada célula nossa e nos dá aquela sensação inquestionável de "é isto!" Isto o quê? Não saberia dizer. Mas, por vezes, sinto-o e sigo, de coração aberto e sem qualquer receio, na busca desse sentir.
"Por isso quando num dia de calor
Me sinto triste de gozá-lo tanto,
E me deito ao comprido na erva,
E fecho os olhos quentes,
Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,
Sei a verdade e sou feliz." (Alberto Caeiro)
domingo, 22 de janeiro de 2023
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Hoje sei que não estou nem nunca estive sozinha: há milhares de anos que o ser humano busca essas respostas. Podemos ler textos que remontam a séculos antes de Cristo (Lao Zi, filósofos gregos, Bhagavad Gita, só para citar alguns) e estarão lá, os mesmos anseios, as mesmas angústias e, mais ainda, as mesmas respostas. Cada um com a sua construção, as suas palavras próprias mas, se olharmos a fundo, a essência é a mesma. Parece-me fascinante que tantas correntes de pensamento, tantas pessoas no mundo, de tantas áreas diferentes, de épocas totalmente distintas, façam perguntas idênticas e arrisquem respostas semelhantes. Já leram a origem do universo sob a perspectiva de várias religiões e mitologias? E o Big Bang, descrito aos olhos da Física Quântica? Ficariam surpresos como tudo se assemelha. Não pode ser por acaso. O que eu sei é que somos, por natureza, buscadores. Cá dentro, todos nos questionamos, todos temos angústias, todos queremos respostas. Todos temos medos, todos sofremos. Só não ouvimos falar disso, e podemos cair no erro de achar que estamos sozinhos. (Ainda para mais neste mundo em que vivemos, em em que as redes sociais são vitrines de vidas, aparentemente, perfeitas.) Então, hoje, queria apenas dizer aqui: não está sozinho. Não está. Nunca estamos. Leia, procure, pergunte, leia mais, rejeite, busque. Em algum lugar vai encontrar alguém a dizer aquilo que precisa ouvir, alguém que "fala a sua língua", que coloca as mesmas questões e que as respostas reverberam em si, de uma forma que o seu corpo lhe diz que sim, é por ali. Não procure entender intelectualmente: sinta. Um arrepio, um súbito relaxamento, uma entrega, ou um entusiasmo que o percorre como ondas. Continue à procura, não desanime com as dúvidas, com a ausência de respostas. Não tenha medo de não saber, medo de se sentir perdido, porque "É a pergunta que nos impulsiona" ( The Matrix).
Eu e King Richard
Que filme inspirador! A sinopse é simples: a infância das irmãs Serena e Venus Williams e como, desde tenra idade, o pai e a mãe as prepararam para ser as melhores tenistas do mundo.
sábado, 21 de janeiro de 2023
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sexta-feira, 20 de janeiro de 2023
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quinta-feira, 19 de janeiro de 2023
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quarta-feira, 18 de janeiro de 2023
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terça-feira, 17 de janeiro de 2023
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segunda-feira, 16 de janeiro de 2023
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domingo, 15 de janeiro de 2023
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sábado, 14 de janeiro de 2023
sexta-feira, 13 de janeiro de 2023
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quinta-feira, 12 de janeiro de 2023
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quarta-feira, 11 de janeiro de 2023
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Na minha infância e adolescência, eu apenas conhecia o Deus que a catequese e a sociedade, em geral, me mostravam. Eu não o entendia. Muito menos me identificava com Ele. Eu não aceitava como um Deus que me diziam ser só Amor poderia tratar os seus filhos de forma tão diferente: uns tão ricos, outros tão pobres, uns saudáveis, outros a sofrer com doenças. Por que Deus não faz nada? Por que não intervém? Como um Deus que é só Amor pode ameaçar-nos com Inferno? Como um Deus benevolente pode querer que a nossa vida seja vivida apenas de acordo com as Suas vontades e preceitos ou sofreremos punições? Quem não ouviu a frase "Deus castiga..." ?.. Por outro lado, sempre senti que nada poderia ser por acaso: a Natureza ser tão perfeita, com uma indiscutível inteligência própria, o nosso corpo, essa máquina complexa e igualmente perfeita, a Terra estar à exata distância do Sol que possibilita a existência de vida no planeta. Não pode ser por acaso! De alguma forma, sempre senti que alguma energia ou força maior regia tudo, que tudo, todos, estamos ligados, conectados por essa energia. Relutava em chamar essa força de Deus. Porque o Deus que eu conhecia era aquele, contraditório na minha forma de entender. Quanto mais li sobre outras crenças, outras tradições que não a predominante ocidental, sobre espiritualidade em geral, mais me abri a novas construções e, quanto mais abri a mente, mais percebi que não é com a mente que se entende Deus. O nosso intelecto é incapaz de compreender todos os porquês do Universo e da Vida. Sabemos que as leis da Física existem e nos regem, mas há mais para além dos nossos sentidos. Para mim, faz sentido que a Lei do Karma, por exemplo, também nos condicione, e de formas que, mais uma vez, extrapolam a nossa compreensão. Seria maravilhoso que todos nascêssemos ricos, saudáveis e tivéssemos vidas longas e constantemente felizes. Mas não é sob essas regras que parece que este mundo em que vivemos está construído. Há forças e movimentos que nos colocam a todos em situações distintas e, mais ainda, que fazem de nós seres absolutamente únicos. Somos como peças de um puzzle, cada um com o seu formato e desenho únicos, com o seu encaixe perfeito numa moldura bem maior. Pequenas partes de um Todo. Gosto de acreditar que viemos aqui para sermos humanos, com tudo o que isso abarca. Não viemos aqui para viver no Paraíso, mas para aprender a construir o nosso próprio Paraíso, com a dádiva do livre-arbítrio. Melhor ainda, viemos para perceber que o Paraíso sempre esteve, está e estará dentro de nós. Deus não se entende com a mente: Ele sente-se com o coração. Não, eu não ouvi Deus falar-me ao ouvido, não o vi, envolto em luz, em nenhuma aparição, mas eu sinto-o no meu coração cada vez que vejo um pôr-do-sol, as ondas do mar, os ipês coloridos. Quando entrei na Sagrada Família, quando ouço uma bela sinfonia ou o canto do sabiá, quando me sento ao piano. Quando o meu filho me abraça, quando olho para quem amo, quando o meu cachorro deita a cabeça no meu colo. Quando vejo a chuva cair, a beleza de uma flor ou de uma obra de arte. Quando, em momentos difíceis, me sinto amparada numa confiança de que tudo passa, tudo se encaixa, tudo flui pelo nosso melhor, quando ouço aquela vozinha interior que me diz que sim ou que não, quando uma força interior me impele a reerguer. Quando respiro fundo, quando sinto o meu coração bater, e a Vida a correr em mim. Sinto Deus quando me sinto conectada. Porque Deus é essa malha na qual todo o Universo se tece. Deus é o que nos dá vida e a sustenta, seja o nosso corpo, o de um animal, de uma planta ou de uma estrela. Deus é essa força que existe em tudo, que manifestou tudo. Porque o mesmo milagre que criou esse pôr-do-sol, criou-me. A mesma beleza única que existe nesse pôr-do-sol, existe no mais profundo e intocável da minha alma. Quando contemplamos, quando nos permitimos sentir e envolver, percebemos que, no nosso objeto de contemplação, há uma energia pulsante. Como uma onda, ela vem na nossa direção, muitas vezes de forma arrebatadora, e percebemos que a energia que se tornou perceptível para nós lá, também flui em nós, aqui. O contrário também acontece: sentimos a energia em nós e, ao contemplar algo, percebemos que a energia também existe lá. O que eu percebo fora, existe dentro, e vice-versa. Porque tudo são espelhos, tudo é feito da mesma matéria, tudo faz parte da mesma malha em que somos pontos de uma teia, constantemente interligados pela energia que flui incessantemente. A malha é a energia e é a malha que, nos seus fios, possibilita a interação entre todos os seus pontos. E essa energia é amorosa. Deus é, realmente, Amor. E Amor, já todos sabemos, "tem razões que a razão desconhece". Amor não se entende, não se explica, teoriza ou conceptualiza: apenas se sente. Apenas É. Deus É. E porque Ele É, todos viemos a Ser.
(Se lhe custar, como a mim há 10 anos atrás, utilizar a palavra Deus, experimente escolher outra que o sirva melhor: Cosmos, Natureza, Universo ou, simplesmente, Energia.)
terça-feira, 10 de janeiro de 2023
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Quantas coisas deixou de fazer por medo? Quanta vida lhe escapou por entre os dedos enquanto se agarrava ao medo? Quantas experiências vivenciou ao vencer os seus medos? Quanto cresceu quando a sua coragem foi maior que o seu medo? O que tem a ganhar deixando o medo vencer? O que tem a perder se ousar enfrentar os seus medos? Os medos não desaparecem sozinhos. A nossa inércia e resistência só os fortalecem: a cada dia que damos uma desculpa para não fazer o que sabemos que queremos (e temos de) fazer, a cada dia que nos mantemos na zona de conforto, é mais um dia que deixamos o medo enraizar-se mais profundamente em nós. Quanto mais se focar nas suas desculpas, nas razões para não fazer, nos obstáculos e dificuldades, mais eles se tornam visíveis, mais o peso deles o finca no mesmo lugar. Por que não focar-se no caminho, nos meios, nas possibilidades? A cada passo que dá, novos passos se desenham, porque é isso que a coragem faz: tira-nos do lugar, leva-nos mais adiante. Faz-nos viver.
segunda-feira, 9 de janeiro de 2023
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Ao aproximarmo-nos para tentar entender o porquê de estar ali, naquela exposição de ilusões de óptica, percebemos que não se tratava de um quadro. Era um espelho! O que era real era o que estava a 45° dele: um desenho com detalhes em alto relevo que retratava os Beatles.
Lembrei-me imediatamente de Platão, Maya (definição presente no hinduísmo e nas escrituras clássicas de yoga) e Matrix. O que os três têm em comum? Platão falava da alegoria da caverna: vivemos em uma caverna na qual apenas vemos o reflexo da realidade na parede à qual estamos acorrentados. Tomamos como reais os reflexos, ecos e sons difusos que nos chegam, mas as coisas reais, com toda a sua luz e exuberância, estão fora da caverna. Maya define também o que poderíamos chamar de ilusão da realidade: o véu que cobre a realidade e nos mantém neste mundo dual (vida/morte, quente/frio, bom/mau) quando a realidade tem uma natureza Una e Eterna, a realidade é o Ser e dele derivam todas as coisas, inclusivé cada um de nós. Matrix, a triologia de enorme sucesso dos anos 90 que ganhou um novo capítulo recentemente, mostra-nos um mundo em que o nosso corpo está aprisionado e a nossa mente projetada num mundo criado pelas máquinas (uma espécie de jogo de realidade virtual). Inconscientes da sua verdadeira natureza, as pessoas vivem nesse mundo desconhecendo que estão a viver uma ilusão mas, quando escolhem tomar a pílula vermelha, acordam para a vida real, fora de Matrix.
Acho fascinante que sabedorias milenares da Antiguidade Clássica e da tradição do yoga e uma saga da cultura pop descrevam, por palavras diferentes, coisas tão idênticas do que é a Realidade.
Tal como a obra de arte que vimos: olhávamos a imagem no espelho, crentes de que era um quadro, quando o quadro real estava construído em baixo, cheio de pormenores, nuances, realces que nos escapavam ao olhá-lo através do espelho.
A beleza da arte é que ela nos convida a olhar para o espelho, mas também através dele, buscando a Realidade que ele reflete, de nós e em nós.
domingo, 8 de janeiro de 2023
Eu e a poesia
Não sei quando comecei a apreciar poesia. Provavelmente na adolescência. (Fernando Pessoa sempre foi dos meus favoritos!) Na poesia, encontro não só beleza no que é dito, mas também no que fica por dizer. A beleza da poesia está nas suas palavras mas também nos silêncios que ficam suspensos entre elas, está naquilo que é, subtilmente, sugerido e que nós, leitores, preenchemos com a nossa sensibilidade, imaginação, experiência. A poesia fala-nos ao coração mais do que ao intelecto. Não se interpreta uma poesia com raciocínio lógico. Ela toca a nossa sensibilidade, e dá-nos um sentimento de pertencimento: encontramos algo que é tal e qual o que queríamos dizer mas nem sabíamos ou não tínhamos encontrado uma forma de o fazer. Quantas vezes lemos um poema e pensamos "É isto mesmo que eu sinto! Poderia ter sido eu a escrever isto!" A poesia é um encontro: algo de nós se identifica com algo do poeta, algo que vivemos foi vivido também pelo poeta, algo que sonhamos é sonho de poeta, alguma dor nossa, foi dor no poeta. Por isso a poesia é tão bela: ela mostra-nos que não estamos sozinhos. E a poesia não está só nas palavras dos poemas: está no pôr-do-sol, nas ondas do mar, no voo da borboleta colorida, no sorriso, no olhar, na música, na dança, na pintura, no arco-irís, na gota de chuva na folha. (Aprendi a apreciar essa poesia tanto quanto aquela que encontro nos poemas.) E todas essas coisas, dão-nos aquele mesmo sentimento de pertencimento: de que somos parte de algo maior. O poeta tem o olhar sensível à poesia que o rodeia e a admirável capacidade de a traduzir em palavras.
Por isso a personagem de Jodie Foster no filme Contacto diz, extasiada, numa das cenas mais bonitas do filme, "Deviam ter mandado um poeta! Não sei como descrever a beleza do que vejo! Deviam ter mandado um poeta..." O que ela via era poesia.
Que possamos tornar o nosso olhar cada vez mais sensível à poesia, porque "a poesia genuína pode comunicar-se antes de ser entendida" (T.S.Eliot). Contemple-a. Escute-a. O seu coração agradece.
8-365
Patanjali define yoga como a "supressão das flutuações da mente". Então, podemos dizer que, não só os asanas e a meditação nos conduzem a esse estado. Desportistas, músicos, chefs, bailarinos, escritores, quando entram no que se chama estado de "flow", têm a mente totalmente focada no que estão a fazer. Não há flutuações, hesitações, distrações, dispersão, confusão mental. Há foco, há momento presente, há entrega, há energia a fluir no seu máximo potencial e, mais importante, há uma porta que se abre a uma outra dimensão de si mesmo. Isso é yoga.
sábado, 7 de janeiro de 2023
7-365
O amor assume muitas formas. Podemos vivenciá-lo em inúmeros contextos. Mas poucos de nós saberemos de uma forma tão plena o que é amor incondicional do que aqueles que o vivenciaram com um cão. (*) É um amor puro que não se alimenta de palavras, mas de olhares e carinho, de presença. É um amor que se faz presente, por inteiro. Quando estamos com o nosso cachorro, ele está realmente ali, a usufruir da nossa companhia, e não disperso noutra coisa qualquer e, mesmo se estiver a dormir, entrega-se totalmente ao sono porque está seguro, feliz, perto de nós. É entrega e dedicação completamente desinteressada. É dar mas receber em dobro, em triplo, em formas que não dá para mensurar ou descrever, e querer retribuir nessa mesma forma única. Eles dão-nos tudo o que são, e eles são Amor em forma de cão, que transborda em nós e nos torna mais humanos, melhores. Eles querem fazer-nos felizes, e fazem, só de olhar para eles, só de olharem para nós. É uma conexão inabalável, em que não há cobranças ou mágoas, apenas Amor e Amor, entrega, compreensão, gratidão. É um afeto que se mantém além do tempo que nos é dado com eles: eles são, para sempre, parte de nós.
(*) Desculpem-me os amantes de gatos, mas nunca tive nenhum, não posso opinar se é idêntico.
sexta-feira, 6 de janeiro de 2023
6-365
Seria tão bom se a vida fosse feita, apenas, de coisas boas, momentos felizes!.. Mas a natureza da vida é dual: não há luz sem escuridão, quente sem frio, rápido sem lento, doce sem amargo. E reparem como, para experienciar uma das coisas, temos de experienciar o seu oposto. Neste mundo dual, conhecemos uma coisa conhecendo também o que ela não é.
Quando amamos alguém ou alguma coisa, isso desencadeia em nós uma série de reações químicas que nos dão sensações de prazer. Mas o prazer sempre traz, na sua sombra, o seu oposto, a dor. Nunca conseguimos abraçar um dos pólos sem abraçar o outro. Porque quando um nos falha, o outro aparece. Não se negue a viver um por medo do outro. O amor vale sempre a pena. E como diz José Luís Peixoto: "o tempo transforma tudo em tempo".
quinta-feira, 5 de janeiro de 2023
quarta-feira, 4 de janeiro de 2023
4-365
Muitas vezes dissemos ou ouvimos dizer "eu sou assim!" Ou "eu conheço-me, já sei que..." Mas quantos de nós realmente paramos o tempo suficiente para nos conhecermos? Quantos de nós confundimos a nossa personalidade, os nossos traumas, as nossas crenças, os nossos hábitos com quem nós somos de facto? Quantos de nós olhamos para dentro e, quebrando a casca do que é mais superficial em nós, mergulhamos mais fundo para descobrir a nossa essência? Quantos de nós sequer percebemos a casca que nos envolve? Aperceba-se dela. Sinta-a. Conheça-a. E depois...questione-a. Essa é a forma de ela se quebrar.
(4-365)
terça-feira, 3 de janeiro de 2023
3-365
segunda-feira, 2 de janeiro de 2023
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