segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Eu e as eleições (II)

Não entendo. Não consigo entender como é que um país que, de forma tão admirável, se mobiliza como no ano passado para sair às ruas para protestar contra o status quo, na hora de escolher o rumo do país opta por... deixar tudo como está. Não há qualquer coisa de estranho nesta equação? Milhares e milhares, milhões!, saíram às ruas, milhares vaiaram a Presidente em ocasiões até constrangedoras perante a comunidade internacional e eis que...ela reelege-se. Por pouco, diga-se, e herdando um país mais dividido do que nunca - pode traçar-se uma linha diagonal no país dividindo quem votou em quem- mas ganhou.

Por favor, não protestem mais. A hora de protestar era esta. Ontem. Em cada urna eletrónica espalhada pelo país. Daqui para a frente, não protestem. Quando faltar a água, não protestem. Quando o filho não tiver vaga na creche. Quando o filho tiver vaga na creche e virem a precaridade que vos espera. Quando os preços das coisas nos pesarem nos bolsos. Quando as pessoas não conseguirem consultas, cirurgias ou sequer atendimento num pronto-socorro. Quando a educação continuar a deixar (e muito!) a desejar. Quando as obras ficarem paradas. Quando a segurança continuar a ser um problema. Quando o emprego escassear. Não protestem. Por favor. Esses protestos atrapalham a vida a milhares de pessoas que querem ir trabalhar e não conseguem, que querem voltar para casa e não sabem como.

Em São Paulo, a maioria dos votos (Aécio venceu com uma margem de cerca de 7 milhões de votos) refletiu o desejo de mudança. Por mais que os protestos me tenham atrapalhado a rotina, ter voltado a pé para casa, não foi em vão. Pelo menos, vale-me o conforto da coerência. E resta-nos a esperança nas mudanças e no tão prometido e anunciado futuro melhor para o Brasil!

Coisas que me fizeram parar




Não sei qual foi a motivação de quem escreveu estas palavras. Seria uma crítica política? Atrevo-me a dizer: provavelmente.
Seja como for, eu que ando a percorrer ao de leve os caminhos da meditação e afins, não pude deixar de sorrir ao ver isto escrito num quadradinho no chão. Parecia um convite para sentar e meditar. Interessante como esta proibição pode soar como um convite à liberdade: atirem os pensamentos fora e flutuem na leveza dessa ausência.

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Eu e as eleições

As eleições aqui no Brasil diferem em vários aspetos das eleições em Portugal. A urna eletrónica é uma das diferenças - em Portugal ainda votamos "à moda antiga". Essa diferença permite que num país com cerca de 200 milhões de habitantes, os resultados das eleições sejam conhecidos algumas horas após o final da votação. Outra diferença é o facto de aqui o voto ser obrigatório. Quem falta à votação, tem de justificar a falta ou fica sujeito a uma série de consequências penalizantes. O voto obrigatório gera uma série de perversões no sistema. Desde logo, a falta de consciência na hora de votar. Sem dúvida quando o voto é facultativo, quem "se dá ao trabalho" de ir votar, fá-lo por qualquer convicção política ou de cidadania. Opta por dedicar o seu tempo e energia a isso. Alguma coisa há-de mover a pessoa que faz essa opção. Alguma coisa sua: convicção, crença, esperança, consciência. Infelizmente, quando o voto é obrigatório, podem surgir (como já aconteceu no passado) nas regiões mais remotas do Brasil, casos em que o que move a escolha das pessoas é o "incentivo financeiro" que recebem por essa "escolha". Claro que, tal como nos países em que o voto é facultativo, há muitas e muitas pessoas que votam aqui com consciência de dever cívico e plena convicção da sua escolha. Provavelmente se o voto fosse facultativo no Brasil, os destinos do país seriam outros. (Pelo menos, com certeza não haveria o "efeito-rebanho" ou o voto "num qualquer" só porque "tem de ser"). Outra diferença é que aqui, seja em que eleição for, vota-se sempre na pessoa específica que se quer ver no cargo ( deputado, senador, etc). Em Portugal, regra geral, vota-se no partido da preferência, e os deputados são eleitos proporcionalmente aos votos que o partido recebeu. Esta característica dá origem àqueles horários de propaganda eleitoral caricatos que se vêem aqui. Como dizia há meses um locutor da Rádio Cultura: "Por Deus: nós não merecemos!" É as mulheres-fruta, os palhaços, cantores, ex-futebolistas, "zés da farmácia" ou "zés metalúrgicos", Professor A, B ou C e tantos tantos outros exemplos. Como diz o maridão: "se não fosse trágico, seria cómico." Em Portugal, diga-se, muitas vezes nós nem sabemos bem a que figura estamos a dar assento na Assembleia.
Sabem o que, infelizmente, não muda? A falta de conteúdo de ideias discutidas. Nesta eleição presidencial, particularmente, o nível do que se discute é tão baixo que só dá para lamentar. Um país com tantos recursos naturais, com tanto potencial, merece uma classe política que saiba levar a bom porto os rumos do país. O que não muda é, regra geral, a qualidade dos políticos. E o que nós esperamos e desejamos é que as coisas mudem!
Que ganhe o que for melhor para o Brasil.





domingo, 12 de outubro de 2014

Coisas que me fizeram parar




Uma fofura... A preencher de alegria e ternura uma rua próxima à Brigadeiro Faria Lima.