sexta-feira, 31 de julho de 2015

Eu e o mundo das crianças

Eu e o Mateus passamos um mês de férias em Lisboa.
No primeiro final de semana de regresso a São Paulo, fomos até ao Itaú Cultural para o evento "Se essa rua fosse nossa." Enquanto o observava a brincar e interagir com as outras crianças que ali estavam, pensei como o mundo das crianças é tão mais simples do que o nosso.
Em Lisboa, aproveitamos bem os dias quentes de verão para passear. Além das coisas óbvias como o jardim zoológico ou o oceanário, do que o Mateus mais gostou foi de brincar nos variados parques de lisboa. Em cada um deles, acabava por brincar com uma ou mais crianças, da idade dele ou não, menino ou menina. Brincou com portugueses e com estrangeiros, já que Lisboa está bem recheada de turistas. Entendiam-se sempre. Corriam, riam, interagiam. Em um dos dias, um menino perguntou-lhe que língua ele falava, se era inglês. Vi o ar intrigado do Mateus, correu para mim e segredou-me "mamãe, que língua eu falo?" Disse-lhe "português, filho, todos falamos português aqui, mas nós falamos com o sotaque daqui e tu falas com o sotaque do Brasil, falas português do Brasil." Ele arregalou os olhos e correu novamente para junto dos meninos. "Falo português do Brasil." Continuaram a brincar. Em outro dia, um menino perguntou-lhe "és brasileiro?" Novamente aquele olhar intrigado, como quem pensa "Boa pergunta!" Não ouvi a resposta e vi que continuaram na mesma correria e euforia de antes no escorrega do parque. Perguntei-lhe o que tinha respondido ao menino, e ele encolheu os ombros "Nada... Eu não sei", disse-me ele na maior descontração. Para ele não tem a menor importância se é português, brasileiro, sueco ou chinês. Tão pouco tem a menor importância qual a aparência ou a nacionalidade dos meninos com quem brinca. E tão menos ainda tinha importância para os outros qual a língua ou o sotaque dele.
No Itaú Cultural, o Mateus movia-se e interagia exatamente com o mesmo à vontade que em qualquer parque em Portugal. A mesma alegria, a mesma empolgação, a mesma excitação de estar num lugar que gosta, à procura da melhor forma de se divertir. O melhor de tudo é que percebi que a forma dele estar no mundo e a forma com que o vê melhora a minha: tanto me faz que seja em Lisboa ou em São Paulo...a alegria do Mateus é a minha, vê-lo feliz faz-me sorrir esteja eu em que ponto do globo estiver.
Simples, não?
Além de mais simples que o nosso, o mundo das crianças é também, muitas vezes, mais bonito. O menino com quem o Mateus mais brincou no Itaú, do nada, chegou ao pé dele e abraçou-o "´Tá brincando sozinho? Quer brincar comigo?" E assim começou uma tarde de diversão. No final da tarde, o menino chorava no colo da mãe "mas eu não quero ir embora ainda!" O Mateus, sabiamente disse-lhe, "Não fica assim não. O que importa é que a gente se divertiu." E seguimos para casa, à procura da próxima brincadeira.

Sem comentários:

Enviar um comentário