segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Eu e o trabalho

Esta semana um aluno perguntou-me qual era o meu trabalho, o que eu fazia durante o dia.
"O que eu faço é isto: estar aqui com vocês a ensinar-vos música", respondi-lhe, surpreendida com a sua dúvida.
"Sim, mas no resto do dia...O que você faz? Qual o seu trabalho?", disse ele não convencido com a minha resposta.
" No resto do dia eu faço isso. Dou aulas de piano. Isso é meu trabalho."
"Como assim? Isso é o seu trabalho?", disse ele um pouco espantado.
"Sou professora. Meu trabalho é ensinar-vos música. Esse é meu trabalho." Com um certo receio da resposta, arrisquei perguntar ainda "Mas por que você achava que eu fazia alguma outra coisa?"
"Porque eu achei que você fazia isto para se divertir, sabe? Que além disso, você teria outro trabalho e isto não seria trabalho, mas alguma coisa, sabe, para você se divertir."
Sorri.
"Sim, eu me divirto. Gosto muito do que faço. Mas é meu trabalho."

Uma criança de 11 anos sabe como ninguém dar-nos a perspetiva certa das coisas, não? Que privilégio ter um trabalho que se confunde com diversão. Que privilégio amar o meu trabalho de forma a que, enquanto trabalho, os outros sentem que me divirto.

Lembrei-me das palavras de Khalil Gibran:


"E quando trabalhais com amor, vós vos unis a vós próprios, e uns aos outros, e a Deus. (...)
E que é trabalhar com amor?(...)
É pôr em todas as coisas que fazeis um sopro de vossa alma. (...)
O trabalho é o amor feito visível. (...)

"O Profeta"

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