quinta-feira, 11 de abril de 2013

Eu e os contrastes de São Paulo

Se há coisa que me chama a atenção na cidade de São Paulo são os contrastes. Quando se pensa em São Paulo, creio que a grande maioria das pessoas vai ter imediatamente a imagem dos arranha-céus, da modernidade de uma jovem grande metrópole. Mas São Paulo é realmente muito grande. Tão grande que cabe toda a espécie de pequenos mundos lá dentro. Há, realmente, todo esse enorme conjunto de arranha-céus, modernos, sofisticados. Mas também há as casas antigas ou as moradias de luxo. Há toda a espécie de serviços que o século XXI demanda numa grande metrópole - supermercados, farmácias e academias de ginástica abertos 24 horas por dia, por exemplo - mas, por incrível que pareça, também se vêem coisas que eu nunca imaginaria encontrar em São Paulo. O senhor sentado atrás de uma mesa improvisada no ponto do ônibus [leia-se paragem de autocarro] a vender toda a espécie de produtos, desde bolo caseiro a pastilha elástica, passando por batata frita ou qualquer outro salgado. Há ainda a versão "loja-chinesa-ambulante": a mesma mesa improvisada repleta de produtos espalhados, pendurados que vão desde isqueiros a biscoitos,
passando por fones e todo o tipo de doces. O senhor que empurra o carrinho dos sorvetes [gelados]. O senhor que empurra o carrinho onde frita as batatas e faz as pipocas. O senhor que empurra o carrinho do algodão doce. O senhor que pára perto dos bares com o seu carrinho de churrasco improvisado, onde grelha as carnes e as vende num espeto. A senhora que empurra o carrinho da pamonha. A senhora que empurra o carrinho do cachorro quente. O senhor que puxa uma espécie de carroça em que vai colectando todo o tipo de papel, cartão e papelão. O rapaz que entrega a carne, o pão, a comida chinesa ou qualquer outro género alimentar numa bicicleta com um enorme cesta onde coloca os produtos. Os senhores que abrem todos os lados da carrinha e a transformam numa banca de fruta e legumes ambulante. O carro dos ovos que se passeia pelas ruas do bairro anunciado ao som do microfone "é o carro dos ovos passando na sua rua. Aproveite a oportunidade. O carro dos ovos." É o carro das laranjas, dos morangos ou dos produtos de limpeza.
Há também o contraste, sobre o qual já escrevi aqui, das pessoas. Desde a mais bonita à mais feia, da mais simples à mais sofisticada, da mais vulgar à mais elegante, de toda e qualquer etnia.
O meu contraste preferido? Nesta cidade imensa chamada de selva de pedra, observar o vôo encantador de um beija flor ou ouvir o belo canto do sabiá. Pura poesia na densidade prosaica desta cidade.

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