quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Eu e as eleições

As eleições aqui no Brasil diferem em vários aspetos das eleições em Portugal. A urna eletrónica é uma das diferenças - em Portugal ainda votamos "à moda antiga". Essa diferença permite que num país com cerca de 200 milhões de habitantes, os resultados das eleições sejam conhecidos algumas horas após o final da votação. Outra diferença é o facto de aqui o voto ser obrigatório. Quem falta à votação, tem de justificar a falta ou fica sujeito a uma série de consequências penalizantes. O voto obrigatório gera uma série de perversões no sistema. Desde logo, a falta de consciência na hora de votar. Sem dúvida quando o voto é facultativo, quem "se dá ao trabalho" de ir votar, fá-lo por qualquer convicção política ou de cidadania. Opta por dedicar o seu tempo e energia a isso. Alguma coisa há-de mover a pessoa que faz essa opção. Alguma coisa sua: convicção, crença, esperança, consciência. Infelizmente, quando o voto é obrigatório, podem surgir (como já aconteceu no passado) nas regiões mais remotas do Brasil, casos em que o que move a escolha das pessoas é o "incentivo financeiro" que recebem por essa "escolha". Claro que, tal como nos países em que o voto é facultativo, há muitas e muitas pessoas que votam aqui com consciência de dever cívico e plena convicção da sua escolha. Provavelmente se o voto fosse facultativo no Brasil, os destinos do país seriam outros. (Pelo menos, com certeza não haveria o "efeito-rebanho" ou o voto "num qualquer" só porque "tem de ser"). Outra diferença é que aqui, seja em que eleição for, vota-se sempre na pessoa específica que se quer ver no cargo ( deputado, senador, etc). Em Portugal, regra geral, vota-se no partido da preferência, e os deputados são eleitos proporcionalmente aos votos que o partido recebeu. Esta característica dá origem àqueles horários de propaganda eleitoral caricatos que se vêem aqui. Como dizia há meses um locutor da Rádio Cultura: "Por Deus: nós não merecemos!" É as mulheres-fruta, os palhaços, cantores, ex-futebolistas, "zés da farmácia" ou "zés metalúrgicos", Professor A, B ou C e tantos tantos outros exemplos. Como diz o maridão: "se não fosse trágico, seria cómico." Em Portugal, diga-se, muitas vezes nós nem sabemos bem a que figura estamos a dar assento na Assembleia.
Sabem o que, infelizmente, não muda? A falta de conteúdo de ideias discutidas. Nesta eleição presidencial, particularmente, o nível do que se discute é tão baixo que só dá para lamentar. Um país com tantos recursos naturais, com tanto potencial, merece uma classe política que saiba levar a bom porto os rumos do país. O que não muda é, regra geral, a qualidade dos políticos. E o que nós esperamos e desejamos é que as coisas mudem!
Que ganhe o que for melhor para o Brasil.





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