Não entendo. Não consigo entender como é que um país que, de forma tão admirável, se mobiliza como no ano passado para sair às ruas para protestar contra o status quo, na hora de escolher o rumo do país opta por... deixar tudo como está. Não há qualquer coisa de estranho nesta equação? Milhares e milhares, milhões!, saíram às ruas, milhares vaiaram a Presidente em ocasiões até constrangedoras perante a comunidade internacional e eis que...ela reelege-se. Por pouco, diga-se, e herdando um país mais dividido do que nunca - pode traçar-se uma linha diagonal no país dividindo quem votou em quem- mas ganhou.
Por favor, não protestem mais. A hora de protestar era esta. Ontem. Em cada urna eletrónica espalhada pelo país. Daqui para a frente, não protestem. Quando faltar a água, não protestem. Quando o filho não tiver vaga na creche. Quando o filho tiver vaga na creche e virem a precaridade que vos espera. Quando os preços das coisas nos pesarem nos bolsos. Quando as pessoas não conseguirem consultas, cirurgias ou sequer atendimento num pronto-socorro. Quando a educação continuar a deixar (e muito!) a desejar. Quando as obras ficarem paradas. Quando a segurança continuar a ser um problema. Quando o emprego escassear. Não protestem. Por favor. Esses protestos atrapalham a vida a milhares de pessoas que querem ir trabalhar e não conseguem, que querem voltar para casa e não sabem como.
Em São Paulo, a maioria dos votos (Aécio venceu com uma margem de cerca de 7 milhões de votos) refletiu o desejo de mudança. Por mais que os protestos me tenham atrapalhado a rotina, ter voltado a pé para casa, não foi em vão. Pelo menos, vale-me o conforto da coerência. E resta-nos a esperança nas mudanças e no tão prometido e anunciado futuro melhor para o Brasil!
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