sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Eu e o meu marido

Faz hoje precisamente 3 anos e meio que comecei a poder utilizar esta expressão. Meu marido. Confesso que, entre nós, há muito que nos chamávamos de marido e mulher. Mais precisamente de maridão e esposa linda. Era a brincar, mas era a sério. Ainda hoje, com toda a seriedade, as utilizamos, carinhosamente, todos os dias. Faz hoje 3 anos e meio que pudemos fazê-lo, pela primeira vez, perante a lei portuguesa. Faz um bocadinho menos que pudemos também fazê-lo perante a lei brasileira. O meu marido. Soa tão bem. Não sei se soa melhor a parte do "meu" ou a do "marido". Claro, a do "marido", porque marido só pode, neste momento, ser meu, e "meu" pode ser, a qualquer momento, muita coisa. Pode ser, na verdade, qualquer substantivo masculino singular.
Parece que foi ontem que passou a ser meu. O meu Serginho, como lhe digo tantas vezes. Eu sinto como se tivesse sido dele a vida inteira.

Isto tudo para vos dizer que tenho saudades do meu Serginho que está lá em São Paulo e eu aqui, em Lisboa, prestes a ir para lá novamente. Tenho saudades de me sentar aninhada com ele no sofá a ver qualquer coisa na televisão. (O que quer que esteja a dar interessa muito menos do que o facto de estarmos juntos, enredados de pernas e braços a sentir a respiração um do outro, ou simplesmente a minha cabeça encostada ao seu corpo enquanto ele me envolve com o seu braço. Estarmos. Apenas isso. Juntos. A mão dele a acarinhar a minha perna, ou a minha a passar os dedos pelo seu cabelo.) Do sorriso dele quando entra em casa e me cumprimenta e ao nosso pequeno. Da alegria que traz para dentro de casa, independentemente de como correu o dia lá fora. Da forma carinhosa com que me pergunta o  que é para fazer com as minhas roupas que estão espalhadas pelo quarto em montinhos, a meu ver, bem organizados. Dos sustos que me prega e nos deixam em gargalhadas depois. Da sua mão quente no meu rosto. Dos seus mimos e carinhos inesperados, como um bilhete com lindas palavras de amor para começar bem o dia. De dormir de conchinha. De acordar com o seu bom dia e o seu beijo. Das brincadeiras que fazemos os três. De ouvir como correu o seu dia. De conversar. Sobre tudo e sobre nada. Dos conselhos e chamadas de atenção em relação ao nosso pequenote - sim, meu amor, tu sabes que, às vezes, és chato. Um chato zeloso e adorável. De partilhar todos os dias da minha vida com ele. Os bons, os maus e os mais ou menos - meus, dele e nossos. Não, não se pense que é sempre tudo fácil. Não é tudo um mar de rosas. Às vezes zangamo-nos, mas sabemos que no dia a seguir, a zanga ficou para trás. Por vezes deixamos que os problemas e angústias de cada um interfiram na forma com que tratamos o outro. Mas o outro está sempre lá, paciente e compreensivo. Fomos aprendendo, com a convivência, coisas importantes. A saber esperar. Pedir desculpa. Perdoar. A cada ano melhoramos como pessoas e somos mais felizes como casal. É trabalhoso: a rotina é inimiga de quem está sempre tão perto. É preciso cuidar, mimar,  aprender a respeitar as diferenças e alimentar o que de mais importante nos une: o amor. Percebemos melhor com o passar do tempo, a cada dificuldade, a cada conquista, que esse amor é maior que tudo, às vezes maior que nós mesmos. É um amor que nos dá força, ânimo, que continua a fazer-nos sonhar. É um amor que existe por si só, graças a tudo e a nada em especial. Não posso dizer que seja apenas pelos seus olhos castanhos penetrantes, pelo sorriso encantador que me cativou desde o primeiro momento, pelas qualidades humanas que lhe reconheço e admiro. É um amor que existe porque sim, e alimenta-se de si mesmo: amando-nos um ao outro, amamo-nos cada vez mais.

Sim, hoje tenho saudades dele, e um misto de alegria por estar perto de o rever, e tristeza por deixar os que amo aqui aqui - amanhã a minha saudade é deles-, e por deixar esta cidade que eu também adoro, mas a verdade é que nenhuma cidade do mundo é boa de se viver se não for com ele, com o meu Serginho.

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