quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

2015

Novo ano que se inicia. O quarto que começa aqui para mim. Passou rápido. (Às vezes) Passa devagar. Uma coisa é certa: foi bem mais fácil começar 2015 do que começar 2012. Foi tão mais fácil passar por 2014 do que por 2012! Quando aqui cheguei, tenho de admitir, tudo era difícil. Tudo me era penoso. O trânsito, o caos, a música à noite na rua, a gritaria das pessoas, não haver contentores de lixo e o lixo ficar pelo chão, ninguém parar nas faixas de pedestre, as chuvadas todos os dias no final de um dia de verão - oh, que saudades daquelas belas chuvadas! Quase todas essas coisas se mantém até hoje mas, hoje em dia, simplesmente convivo com elas. Pacificamente. Naquela época, eu resistia a qualquer tipo de mudança, tudo me irritava. O simples facto de eu acordar todos os dias e estar na cidade de São Paulo me irritava. Era mais feliz naqueles primeiros segundos de nem-acordada-nem-a-dormir em que me parecia estar a acordar em Lisboa. O resto do dia, era de pura negação. Estes anos em São Paulo fizeram-me mudar tantas perspetivas!.. Quando procurei coisas boas na vida, encontrei-as. Estar 24 horas por dia com o meu filho de, na época 2/3 anos foi a maior delas. Foi a atenção que ele dava a cada coisa, a alegria que ele tinha com coisas tão simples, a forma plena com que se entregava a cada coisa que o cativava, a cada tarefa que o ocupava que me fez ver que também nós, "pessoas crescidas", temos (ainda) essas capacidades. O tempo que passei com ele foi, no início absolutamente esgotante mas, depois, uma dádiva. Quantas mães têm essa possibilidade? De acompanhar o desenvolvimento, passo a passo, hora a hora, do filho. Cada dia começou a trazer-me uma boa surpresa. (Ou várias!) O sorriso e a gargalhada dele passaram a ser o meu bálsamo. Quando comecei a andar pelas ruas à procura de beleza, encontrei-a - e registei muita dela aqui, neste blog. Quando escolhi ser feliz, comecei a ser. Não 100% do tempo, claro, não me tornei uma pessoa, digamos, iluminada mas, pelo menos, tento ser aquela pessoa que escolhe ver o melhor, o que é importante e vale a pena e, no mais das vezes, resulta e sinto-me uma pessoa feliz e abençoada. Na realidade, não mudou tanta coisa assim desde o começo de 2012 para o começo de 2015. Continua a faltar-me muita coisa e muita coisa continua a fazer-me falta. Tenho quase os mesmos medos, angústias e dúvidas. (A diferença é que hoje nenhum deles me atormenta ou paralisa). São Paulo não mudou - ou, pelo menos, não mudou muito para melhor- mas aprendi a conhecê-la melhor e gostar de várias coisas que ela me dá. No fundo, o que mais mudou fui eu. Não propriamente eu, mas a minha forma de encarar tudo: o bom e o mau. Como diz o meu filho "quando a gente procura, acha." E é a mais pura verdade, saída da boca de um menino de 4 anos e meio. Resta-nos escolher do que estamos à procura. E a palavra-chave no meio de tudo isto é essa mesmo: "escolher".
Uma coisa eu sei que não vou encontrar aqui: Lisboa. Essa continua lá, à beira-mar plantada, com pessoas que eu amo, linda, solarenga, pacata e à espera do meu retorno, seja para férias, seja para ficar. Mas também aprendi que não podemos viver à espera ou em função do que vamos viver amanhã. Porque o hoje já aqui está, e não espera. Ou o agarramos ou ele nos escapa. E há sempre qualquer coisa que merece a nossa atenção, a nossa gratidão, o nosso sorriso hoje. Mesmo nos piores dias.
Eu começo 2015 com esperança no que ele me vai trazer e à minha família, e com gratidão por tudo o que já conquistamos até aqui. Obrigada 2014 por me permitires começar 2015 com esta vontade de procurar coisas boas. E...quem procura, acha.

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