terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Carta a São Pedro

Caro São Pedro,


Antes de mais, quero pedir-lhe sinceras desculpas por tantas vezes que me dirigi ao senhor com sentimentos menos amistosos cada vez que aquelas trombas de água nos atingiam nos tempos idos de Janeiro de 2012. Todo o santo dia lá vinha aquela chuvada que alagava a cidade e ensopava as pessoas. Até então, eu não tinha entendido o verdadeiro sentido de "chuvas de verão" e, pode até dizer-se que até àquele momento eu não sabia verdadeiramente o que era uma chuvada. Ora, eu estava convencida que vinha para o quentinho do verão e aquela chatice todas as tardes atrapalhava-me a rotina e desvanecia uma das poucas alegrias que sentia na época: ter saído do inverno rigoroso para entrar num verão quentinho. Na verdade, o que encontrei foi um verão morno e extremamente molhado. A cidade alagava, a luz faltava (graças a Deus essa parte melhorou bastante de lá para cá, pelo menos aqui no bairro). Pois agora, meu caro São Pedro, venho endereçar-lhe as minhas desculpas pois eu nada sabia do clima ou das necessidades da cidade e, por consequência, das nossas próprias. Posto isto, humildemente lhe rogo que mande todas as chuvas, chuvadas, tempestades que bem entender. Se não for pedir demasiado, seria bom que a maior perto delas caísse precisamente na região da Cantareira. Não que aqui na capital não sejam bem-vindas: amenizam o calor - que está bem difícil de suportar, por sinal...será que isso também pertence ao seu Departamento? Bom, mas também não quero abusar nos pedidos que lhe dirijo, não faça caso- e a poluição, o que é uma grande mais-valia mas, enquanto a chuva não cair na Cantareira, vivemos todos com a água cortada em boa parte do dia e da noite e com esta nuvem negra a pairar na cabeça - nuvem essa que mais valia fosse de chuva, mas nada mais é que a forte ameaça da seca total. O que faremos nós se a água acabar na Cantareira?

Então, meu caro São Pedro, aceite as desculpas e, por favor, apenas considere, por momentos que seja, os humildes pedidos desta simples moradora de São Paulo. Eu e mais uns tantos milhões ficaremos-lhe eternamente gratos se nos conceder a benção das chuvas. Desde já me comprometo a não mais me queixar de qualquer chuvada.


Atenciosamente,
Joana Gabriela

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