quinta-feira, 21 de março de 2024

Eu e Jacob Collier

 


Jacob Collier é, sem sombra de dúvidas, um dos músicos mais geniais do nosso tempo - e, atrevo-me a dizer, de todos os tempos! Não só é um excelente cantor com um timbre que vai dos graves mais profundos aos mais cristalinos falsetes, como é um exímio pianista, guitarrista, e um multi-instrumentista de todo o tipo de instrumentos. Além disso, é absolutamente admirável a sua compreensão da música, o senso de harmonia, o sentido rítmico que pulsa em tudo o que faz. As suas músicas não distraem: inspiram, espelham a sensibilidade e o quanto a música lhe corre nas veias. As versões que faz de músicas de outros cantores ou bandas são magníficas: descontruções e reconstruções que ganham uma nova cor à luz da sua imaginação prodigiosa.
E o que dizer de Jacob Collier em palco? Despojado, alegre, simples, às vezes de pé descalço, passeia pelo palco e pelos vários instrumentos como se estivesse em casa. E quando se torna o maestro do público, transformando aquela massa humana de desconhecidos, heterogénea, imensa, num gigantesco coro afinado a cantar a várias vozes, não há quem possa ficar indiferente! Milhares de pessoas, sem qualquer ensaio prévio, seguem intuitivamente os gestos de Jacob Collier, e o espaço reverbera com a música vinda de todos os cantos. As vozes fundem-se, e de forma brilhante, Jacob constrói uma narrativa com harmonias vibrantes e surpreendentes. Naqueles minutos, não existe diferença de idade, crença, nacionalidade, género, raça que prevaleça: todos são Um, e a música é a sua linguagem. Naqueles minutos, a música faz o que de melhor sabe fazer: une. Jacob Collier, ao dirigir coros nas plateias pelo mundo afora, mostra-nos a maior e mais bonita verdade da nossa existência: somos todos mais parecidos do que diferentes, somos todos parte de uma mesma coisa, e somos mais fortes quando nos unimos.

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