terça-feira, 4 de setembro de 2012

Eu e os transportes públicos

Primeira aula particular na casa dos novos alunos. A internet é muito útil nestas coisas e anotei num papel todos os números e nomes dos autocarros que poderiam levar-me ao meu destino, tal como o nome das ruas mais próximas à da casa dos miúdos.
Confirmo 2 ou 3 vezes se o número do autocarro está na minha folha e entro. Peço ao cobrador - um moço ou moça que ficam junto à cancela a receber o dinheiro dos bilhetes - que me avise quando estiver perto da paragem antes da Av. Brasil. Ele diz que sim, que não me preocupe. Para meu grande azar, embirrei que precisava de procurar a Rua Uruguai. Engano meu. Não era um país da América do Sul mas sim da América Central que eu deveria ter procurado. E o moço deveria ter-me avisado da proximidade da minha saída, mas também não o fez. Resultado? Fui andando, andando, deambulando dentro do autocarro pela cidade de São Paulo. No início não estranhei. Não fazia ideia de quanto tempo era o o percurso. A dada altura comecei a achar que era tempo a mais. Não tinha ideia, pelo que tinha visto na internet, que pudesse ser tão demorado. A minha suspeita materializou-se quando comecei a ver placas indicativas com nomes de bairros que o Sé, meu marido, sempre me tinha dito que eram bairros distantes de onde vivemos. Abordei o cobrador. Gelou. Pediu ao motorista para parar ali mesmo, onde nem havia paragem e indicou-me a paragem a que deveria dirigir-me para voltar para trás." "Mas qual ônibus eu pego agora?" Disse vários nomes que não consegui fixar, e arrancaram. Pedi para parar o primeiro autocarro que apareceu. Disse ao motorista para onde queria ir. O motorista, felizmente educado e simpático, disse-me que passava lá, sim, que me indicava onde sair. Por sorte, novamente, chegámos à dita paragem e ele diz-me "saia agora e pegue o ônibus que está atrás da gente." Ora sim senhor! Sem hesitar lá fui eu. Saí já no bairro certo, mas com a terrível dúvida: e agora, vou para a frente, para trás, para a direita ou para a esquerda? Como quem tem boca vai onde quiser, lá fui perguntado a tudo e todos pelo nome das ruas que tinha anotado no papel. Ninguém sabia, ninguém conhecia. Eis que passo por duas jovens. Pergunto pela rua tal. Elas olham para mim a abanar a cabeça, com ar de quem não entendeu patavina do que eu disse e uma delas, miraculosamente, estende-me um mapa. "We´re not from here." "Can I take a look?" Acenaram com um sorriso. Thank you", disse eu. Situei-me, revi o percurso que tinha de fazer e lá fui eu.
Cheguei onde queria à hora marcada - como o trânsito em São Paulo é imprevisível, saí de casa com uma boa margem de erro - e com a certeza de que, no meio do azar, tive uma sorte tremenda!

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