segunda-feira, 24 de junho de 2013

Conversas paralelas

Dentro do ônibus é impossível não se ouvir algumas conversas entre passageiros. Há dias, presenciei um diálogo muito interessante entre uma senhora idosa e um senhor sensivelmente na mesma faixa etária que ela.

- Vou sair no ponto próximo ao Hospital...que é o lugar de gente da nossa idade neste país. - disse ele a rir.

- É...esse país não vai bem - respondeu ela, e acrescentou logo em seguida- E essa nossa juventude, hein? Saindo às ruas, se expressando...Eu bato palmas!.. Tem mais é que gritar mesmo! Eu é que já não posso, que minhas pernas não permitem, senão também eu estaria lá no meio deles gritando e muito!

- É uma vergonha, tanta corrupção, esses políticos inúteis- concordou ele.

- E viu que a Dilma ainda foi falar com o Lula? O que é que esse aí ainda tem que ver com a história? Não saiu já? Não tem porquê falar com ele sobre o que fazer - respondeu indignada. - E o outro lá que só fica contra os gay. Eu não sou contra nada disso, não. O corpo é de cada um, e cada um faz o que entende com ele. Eu só não concordo com a violência. Isso não pode! Aquele gente que vai de rosto tapado, a gente vê logo que não é gente séria. Gente do bem vai de cara limpa. Naqueles vândalos a polícia tem mais é que bater mesmo!

- Onde será que vai para isso aí, hein? - questionou ele.

- Eu não sei, mas eu espero que essa juventude consiga levar o nosso Brasil pra melhor. O nosso país é muito rico, muito rico. Tem tudo pra dar certo.

- É verdade. E essa juventude merece um país melhor. - concordou ele - Meu ponto. Tudo de bom para a senhora.

- Tudo de bom para o senhor também.

E ela sorriu para mim. Acho que pensou que eu era uma jovem brasileira que sai para a rua para protestar. Como eu disse um destes dias quando me perguntaram se estou a ir para a rua lutar pelo Brasil "bom, para a rua eu não vou, mas eu estou na torcida!"

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