segunda-feira, 17 de junho de 2013

Eu e o ônibus

O meu meio de transporte aqui em São Paulo é o ônibus (em português de Portugal: autocarro). Para ser mais exata, ônibus combinado com umas boas caminhadas. Numa semana em que tanto se fala de ônibus por aqui, é um assunto que vem a calhar.
Normalmente não tenho de esperar muito para que chegue o certo para mim, o que é uma coisa muito boa. No trajeto de ida, está sempre mais vazio e vou sentada. No trajeto de volta, é mais comum estar cheio ou para lá caminhar e venho em pé.
Os trajetos que percorro são quase sempre pela Av. Brigadeiro Luis Antonio. Todos os dias, ouço várias vezes as duas frases mais proferidas nos ônibus que fazem esse trajeto: "vai a Brigadeiro inteira?" ou "cruza a Paulista?" Se eu que ando para lá e para cá, no máximo, uma vez por dia ouço essa frase uma meia dúzia de vezes, imagino quantas e quantas e quantas vezes os motoristas as devem ouvir. Ainda assim, respondem, na grande maioria das vezes, com educação. Os motoristas e cobradores tendem a ser simpáticos, embora aqui e ali haja aqueles mais carrancudos e sem a menor intenção de ajudar os que estão mais desorientados.
Uma coisa que acontece de quando em vez e deixa toda a gente perplexa dentro do ônibus é quando o motorista decide parar junto a algum café, bar ou lanchonete para que o cobrador saia do ônibus e vá comprar alguma coisa que lhes faz falta, seja água, comida ou ambos. Nós, passageiros, entreolhamo-nos, encolhemos os ombros, e de vez em quando há alguém que ergue a voz para dizer "olha a falta de respeito..."
Gosto quando me calham os ônibus novos: com televisão que vai passando as principais notícias do dia, o tempo, previsão astrológica, alguns questionários de cultura geral ou atualidade ou inutilidade. Coisas simples que nos distraem na viagem. Na verdade, distraem uma parcela bem pequena das pessoas que vão no ônibus, porque a grande maioria vai de fones nos ouvidos, agarrado ao celular, tablet ou qualquer outro tipo de dispositivo móvel com acesso à internet ou qualquer outra diversão. Marca registada dos tempos que correm: sempre conectados, sempre em com um tweet ou um post na ponta dos dedos, seja a que hora ou local for. A única coisa que incomoda são aquelas pessoas que vão alegres e contentes entretidas com os joguinhos nos seus aparelhos móveis...com o som ligado! E é cada som mais irritante!.. Principalmente pela insistente, persistente, e às vezes desesperante repetição com que se sucedem.
Há uma dúvida que me assola em quase todos os trajetos de ônibus em que tenho a felicidade de ir sentada: ceder ou não ceder o lugar, eis a questão. E passo a explicar: se se trata de uma grávida, cedo sem hesitar; se se trata de um senhor, só se tiver visivelmente muita idade ou alguma dificuldade de locomoção; o problema é quando se trata de uma senhora. Se cedo o lugar, pode sentir-se ofendida por a considerar uma pessoa de idade. Se não cedo o lugar, passo por má cidadã. Por vida das dúvidas, acabo sempre por ceder, e muitas vezes recusam a oferta.
Como alguns trajetos são bem demorados - embora as distâncias percorridas não sejam grandes, mas o trânsito de São Paulo tem dessas coisas - há quem aproveite para dormir um pouco.
E assim se vai de ônibus em São Paulo.

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