quarta-feira, 5 de junho de 2013

Eu e o pôr-do-sol



Se há coisa que me deixa absolutamente deslumbrada é o pôr-do-sol. Fico extasiada, mergulhada no silêncio das cores que pintam o dia antes de, gentilmente, ceder o lugar à noite. Confesso que um belo céu estrelado ou a visão da lua, seja cheia, nova ou em qualquer fase intermédia, também me enchem as medidas, mas não tanto quanto a imensidão de um belo pôr-do-sol. Não sei desde quando ou onde surgiu este encantamento. Sei que recordo claramente alguns momentos desses que já presenciei. Na minha primeira viagem ao Brasil, no vôo de volta, fomos presentados com um belo pôr-do-sol. Mais bonito do que qualquer um que eu já tinha visto com os pés assentes no chão. O meu lugar no avião não era na janela, mas o simpático casal brasileiro que estava na janela mais próxima ao meu lugar, apercebendo-se do meu encanto, prontificou-se a deixar-me aproximar da janela e tirar fotografias. Numa outra viagem, ao Vimeiro, no final de uma tarde em que tentámos acertar na bola algumas vezes a jogar ténis, subíamos as escadas de volta ao hotel quando estagnámos a olhar para o mar enquanto o sol, lentamente, se deitava atrás dele. Eu, o meu irmão, um grande amigo nosso e a filha mais velha dele. Ficámos em silêncio. Parámos sem combinar, sem dizer uma palavra. Passaram-se alguns minutos, olhámos uns para os outros, suspirámos com um sorriso no rosto, e retomámos a subida. Só uns dias depois comentámos que momentos daqueles chegam para dar um sentido à vida, e como era especial aquele nível de cumplicidade que nos permitiu viver aquele momento juntos. E era mesmo. Noutra ocasião, fui acampar com amigas. A muito custo - mas muito mesmo- montámos a tenda, próximo a uma falésia. No final do dia, juntava-se um considerável aglomerado de gente ali para presenciar aquele momento único no dia: o espetáculo do pôr-do-sol. No Verão do nosso casamento, os finais de tarde à beira da praia de São Julião também eram especiais. Eu e o meu namorado - atual marido- sentados no café com vista para o mar, de mão dada e com o azul do mar e os tons do pôr-do-sol a colorir o nosso amor. No começo deste ano, de visita a Lisboa, recordei como é bonito o pôr-do-sol na minha cidade, num miradouro da Graça, com o Tejo como cenário. E quantos eu vi na minha cidade, não só nesta viagem - mais uma vez, a praia de São Julião-, mas ao longo da vida!.. Nós, lisboetas, nem sempre nos apercebemos ou valorizamos a beleza que a nossa cidade nos dá. Há umas semanas atrás, vi o meu primeiro pôr-do-sol deslumbrante em São Paulo. Na varanda da casa da minha cunhada. Fiquei imóvel, a contemplar, e a minha alma agradeceu. Bebeu cada cor, saboreou cada sombra, respirou cada tela pintada no céu. O meu filho viu comigo, com o olhar dele, de criança de 3 anos. Na verdade, mais entusiasmado com o meu próprio entusiasmo do que pelo que os seus olhos viam. Quem sabe daqui a 30 anos ele ficará tão deslumbrado quanto eu perante esses momentos.

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