sábado, 8 de abril de 2023

96-365

 


Talvez seja por ter praticado ginástica artística desde muito pequena. Talvez seja um traço da minha personalidade. Talvez seja por influência dos meus pais. Talvez seja por influência da minha professora de piano. Ou talvez seja por tudo isso: sempre fui uma pessoa muito perfeccionista. Em muitas situações é uma coisa boa. Na ginástica, era absolutamente essencial. Cada ponta do pé menos esticada fazia-nos perder pontos. Embora isso nunca tivesse sido a razão pela qual eu tentava fazer as coisas o mais perfeito possível. Eu só queria sentir que aquela era a minha melhor performance, a mais bela possível. Fazer as coisas sem procurar o mais perfeito alinhamento do corpo simplesmente não parecia...certo. As melhores sensações surgiam dos movimentos mais perfeitos. Assim como na música. Cada nota pensada, ponderada, nunca foi motivada por questões de avaliação mas por beleza. É a Beleza que nos move.
No entanto, algumas vezes, a busca da perfeição atrapalha. Porque nós temos falhas, cometemos falhas. Aceitá-las é um ato de humildade: é assumir que não somos perfeitos. Aceitá-las é um passo na jornada de autoconhecimento. É necessário entender que não temos de ser perfeitos. Apenas (re)conhecendo as nossas falhas e assumindo-as poderemos corrigi-las ou melhorá-las. Com acolhimento, amorosamente, sem culpa, sem cobrança porque, de facto, estamos longe de ser perfeitos. Mas a cada dia podemos (e devemos) aprimorar-nos.

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