sábado, 22 de abril de 2023

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Desde criança que gosto de jogar jogos eletrónicos. Eu e o meu irmão passámos horas a jogar juntos, principalmente jogos de futebol. O meu filho também adora - mas não os de futebol.
Uma das coisas que os jogos têm de estimulante é o desafio. Para passar determinada fase, temos de passar por vários obstáculos. Alguns são mais fáceis ou intuitivos e conseguimos passar por eles na primeira tentativa, mas outras partes são verdadeiros quebra-cabeças. Primeiro temos de perceber o padrão do adversário ou da situação. Normalmente há um padrão na forma como o nosso inimigo se movimenta, ataca, defende, ou há o tempo certo de pular, virar, acelerar, travar. Depois de identificar e perceber o padrão, temos que perceber de que forma podemos contorná-lo com os nossos movimentos. A nossa vida também é cheia de padrões que se repetem. Tal como nos jogos, se dedicarmos tempo e atenção a reconhecê-los, podemos entendê-los e aprender a contorná-los. Nos jogos, cada vez que perdemos, que erramos, não é um fracasso: é uma informação a mais que obtemos. Se daquela forma não deu certo por determinada razão, isso leva-nos a procurar, criativamente, uma nova estratégia, uma outra solução. Cada erro a mais, é mais informação que obtemos e, com esses dados, vamos construindo o mapa para ultrapassar aquele obstáculo. Quem já jogou esse estilo de jogos sabe a sensação de ter errado mas sentir "agora sim! Agora sei como fazer!" O erro, ali, apresenta-se-nos quase como uma revelação. É o erro que abre a porta ao acerto.
É difícil lidar com os próprios erros, com os caminhos sem saída em que, por vezes, nos perdemos. Talvez a melhor forma seja encarar o erro como parte do processo para a descoberta do acerto. O erro não é a conclusão, é só um prelúdio para o que se lhe segue. Se não desistirmos a cada vez que ele nos trava. Se o usarmos não como um impedimento para seguir adiante, mas como um impulso para nos levar mais além. 

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