domingo, 10 de setembro de 2023

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 Sempre aprendemos com os nossos alunos também. Ensinar é uma troca. Se eu pretendo que os meus alunos absorvam o que estou a transmitir, primeiro, tenho que perceber quem está do outro lado. Nem todos aprendem da mesma forma, nem todos têm o mesmo grau de abertura, a mesma maturidade ou o mesmo nível de entendimento. Ensinar envolve questionamentos e, com o passar dos anos, tenho vindo a perceber cada vez mais que a principal questão não é como eu posso ensinar, mas sim como o aluno pode aprender? Não há fórmulas mágicas, receitas infalíveis ou formatos pré-estabelecidos que se encaixam em qualquer pessoa. Por ser uma troca, ensinar é dinâmico. Ao mesmo tempo, nessa troca, aprendemos sobre nós mesmos. Exercitamos a nossa paciência, imaginação e, principalmente, empatia. Pensar através do que o aluno expressa e tentar entender através do olhar dele a sua dúvida, ajuda a resolver muitos problemas que vão surgindo na aprendizagem. Ao ensinar, também temos a oportunidade de conhecer outras maneiras de pensar, de ver o mundo. Eu tenho alunos dos 6 aos 73 anos de idade, então tenho a oportunidade de revisitar o mundo através do olhar puro e autêntico de uma criança e de aprender através do olhar de quem já viveu mais do que eu. Ambas as formas de ver o mundo são inspiradoras e, de alguma forma, têm pontos em comum, como se um ciclo se fechasse. A criança pequena não está preocupada com o que pensam dela ou não, e encanta-se com o mundo que a rodeia. Vive cada dia com intensidade, e as coisas simples são valiosas e estimulantes para ela. A pessoa mais experiente já deixou de se importar com o que pensam dela. Percebeu que a grande beleza da vida está na autenticidade, nas coisas simples e, por isso, olha o mundo ao seu redor com encanto e gratidão e quer viver cada dia com intensidade. No meio do caminho, quantas vezes andamos a perder o nosso precioso tempo e a gastar energia com coisas que não são tão importantes assim?

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