domingo, 10 de setembro de 2023

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Os ipês brancos estão a florir! Aqui perto de casa sei onde estão seis. Por esta altura do ano, depois da florada do roxo e do amarelo, começo a ficar atenta, até porque a "janela" para ver o branco florido é muito pequena (as flores duram apenas 2 ou 3 dias). Ontem, um deles já estava bonito. Comentei com uma pessoa amiga que estava por ali "Olha como o ipê branco está bonito hoje." "Nossa!.. Está mesmo!", respondeu ela, e acrescentou "E nunca tinha reparado que tem um ipê branco aqui! Costumo ver mais os rosa e amarelo pela cidade." Sim, os brancos são mais raros, e de uma beleza ímpar. Eu já sei que aquele ipê em particular está ali mas, cada vez que passo por ele, sou surpreendida e arrebatada pela sua beleza. Sorrio imediatamente. Como uma tonta na rua, sorrio. Permito-me parar um pouco. Usufruir.
Talvez aquela senhora hoje tenha reparado que o ipê está ainda mais bonito do que ontem. Talvez alguém que me leia e passe por um na rua repare também, aprecie, contemple. É uma pena que tanta beleza passe despercebida a tanta gente. Eu partilho estes momentos porque a beleza deles me toca, preenche-me, e transborda, depois, nas palavras. Mas, se as minhas palavras levarem alguém a contemplar uma flor, uma árvore, um pôr-do-sol, a lua cheia, o mar, o canto do pássaro, fico duplamente feliz. Contemplar é um privilégio (muitas vezes negligenciado) e uma das formas mais fáceis de nos sentirmos gratos por fazer parte deste mundo. A Beleza dá-nos, simultaneamente, um sentimento de pertencimento, e abre, nessa contemplação, um espaço em nós de observação interna. Porque ela nos traz para o Presente, que é o único "lugar" em que as coisas especiais e relevantes acontecem. Abrimo-nos para o mundo, e um novo mundo abre-se em nós. A Beleza tem o poder de nos proporcionar um (re)encontro connosco mesmos. A Beleza cura.

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