quarta-feira, 27 de setembro de 2023

172-365

 Nos últimos meses, uma importante avenida de São Paulo está em obras. Nas últimas semanas, a situação dessas obras ficou ainda mais caótica. Para mim, tornou-se absolutamente inviável utilizar aquele percurso em alguns dias da semana. O tempo que demoro, na melhor das hipóteses, é o dobro. Isso obrigou-me a procurar caminhos alternativos, a descobrir novas formas de percorrer os mesmos trajetos. Nesse processo, percebi que a avenida X, está logo ali conectada com a Y através da rua Z! Aquela velha sensação de quem não conhece a cidade, e percebe que, afinal, aqueles dois pontos não eram tão distantes, nós é que só sabíamos olhar para eles através de uma única perspectiva, e transitar entre um e o outro através de uma única possibilidade. Eu andava a dar uma "volta ao bilhar grande" para fazer um caminho que tinha uma opção bem mais direta. Nem sempre é mais rápido, em função de trânsito e linhas de autocarro (ônibus), mas quando as coisas correm bem, é um trajeto bem mais eficaz. Aquela história de "há males que vêm por bem"... Se não tivesse tido este imprevisto, não teria procurado uma solução diferente. Quantas vezes agimos, reagimos, pensamos da mesma forma, sem refletir por um segundo se aquela será a melhor forma? Sem sequer ponderar se existem outras formas? Quantas vezes ficamos acomodados a uma única forma de ser, fazer, existir, sem questionar se poderíamos beneficiar mais ou ser mais felizes com outra? Quantas vezes ficamos presos a um caminho só porque é o que nos é familiar? "Por medo do desconhecido, as pessoas preferem sofrer com o que é familiar” (Thich Nhat Hanh). A verdade é que, na maioria das vezes, apenas questionamos e procuramos quando surge um obstáculo, uma dificuldade ou mesmo quando caímos. Na dor da queda, por vezes, ousamos mudar. Mas para quê esperar um percalço, uma dor, para arriscar algo novo, para... quem sabe, melhorar, crescer? Não é porque fizemos o mesmo caminho desde sempre que estamos condenados a fazê-lo eternamente.

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