quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

Eu e as luzes e sombras


Um dia destes, estava à espera que uma aluna me abrisse a porta, e dei por mim a contemplar um pequeno canteiro que está perto da entrada da casa dela. Primeiro porque me chamou a atenção as pequenas flores amarelas que pincelavam o relvado. Depois, reparei que parte do relvado estava sob um sol intenso e luminoso, enquanto outra parte usufruía da sombra de um pequeno arbusto. O mesmo relvado e as mesmas flores, sob uma luz diferente. Para a esquerda, escuro, mais melancólico. Para a direita, pura luz e alegria.
E refleti como todos somos assim: feitos de luz e sombra. Ninguém é só luz. Ninguém é só sombra. É preciso olhar para dentro e acolher todas as partes de nós mesmos. Celebrar a nossa luz, e perceber como ela pode brilhar mais e, até, como ela pode ajudar a luz de outros a brilhar também. Não se envaidecer, e não se acomodar. Perceber o que a alimenta, e esforçar-se sempre para a nutrir. Perceber onde estão as nossas sombras, que arbustos estão a criá-las, e se podemos remover alguns. Não ter medo, vergonha ou sentir culpa pelas nossas sombras. Todos, todos as temos. Nem Jesus foi só luz. Ele também sentiu medo. Também hesitou. Também se desiludiu. Também se sentiu tentado, esgotado. O problema não são as sombras, mas o que escolhemos fazer com elas e o que permitimos que elas façam connosco. 

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