sábado, 17 de fevereiro de 2024

Eu e os condicionamentos


A nossa vida é repleta de condicionamentos. Desde a forma como colocamos a almofada debaixo da cabeça para dormir, à forma como vestimos as meias, como nos sentamos, como nos penteamos, até como andamos e respiramos! E os condicionamentos vão além da questão física: estamos condicionados a pensar de certa forma, a agir segundo determinadas crenças, a reagir da mesma forma a certas ações, a sentir as mesmas emoções (a maioria delas originadas pelos pensamentos que, sem termos consciência disso, permitimos ter na nossa mente.) O maior movimento do yoga, o mais bonito, exigente e difícil, não é nenhuma postura acrobática mas, precisamente, a busca por quebrar condicionamentos negativos e, conscientemente, criar novos, mais positivos. Vivemos tão embrenhados nos nossos automatismos que nem os percebemos. Como os peixes que nem sabem que estão na água, estamos tão imersos nas nossas crenças (sobre como o mundo é, como nós e os outros somos), que não as percebemos. O nosso primeiro gesto, deve ser, por isso, de reconhecer. Ver o condicionamento como aquilo que ele é: um automatismo que nos aprisiona numa forma de ser e (re)agir sobre a qual pouco ou nenhum controle temos. É necessário percebê-lo antes da nossa (re)ação. Ver que ele está ali, que existe. Quando conseguimos percebê-lo, é preciso criar momentos de pausa. Esse espaço que se abre na pausa, permite uma nova escolha, consciente. Novas escolhas sucessivas geram novos condicionamentos. Não mais aqueles a que nos habituamos a obedecer, mas aqueles que elegemos como mais benéficos para nós. Não temos de permanecer no "eu sou assim" nem continuar a fazer "o que eu sempre fiz". E é isso que o yoga nos mostra: que, com esforço e paciência, podemos aprender a conhecer os nossos padrões e quebrá-los, abrindo, assim, espaço para que uma nova construção surja no lugar das velhas edificações que nos limitavam.

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