quinta-feira, 16 de novembro de 2023

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Às vezes, ao caminhar pela cidade, sou surpreendida por detalhes absolutamente perfeitos da Natureza. Contemplo e acolho cada um como se se tratasse de um presente especial. Se tenho alguns minutos, deleito-me naquele momento. Eu e aquela flor nunca mais vamos ter a mesma interação. Mesmo que eu passe no mesmo lugar no dia seguinte, já não é a mesma flor, não é a mesma luz, o mesmo vento, não é o mesmo momento. Talvez nem eu seja a mesma. Em dias diferentes, o meu olhar é diferente. Sempre novo. As sensações são outras. A Natureza relembra-nos que tudo é cíclico, tudo é perene e, ao mesmo tempo, tudo é único, irrepetível. A Natureza relembra-nos que tudo é perfeito exatamente como é, tudo segue uma Ordem que escapa ao nosso entendimento. Testemunhar a beleza única desta flor, faz-me comungar com ela dessa perfeição. Contemplo-a e penso "como poderia esta flor ser mais bela e perfeita do que já é?" Não imagino nada, nem uma pequena pinta que pudesse torná-la mais perfeita. Sinto como se o Divino me sorrisse através dela, como se, carinhosamente, me dissesse "estou aqui, nunca te esqueças disso." E perante este milagre, daquela flor incrivelmente perfeita, a balançar levemente com o vento, eu sei e sinto-O: ele está ali, nela, aqui, em mim, e no espaço entre nós. E, então, eu sorrio de volta. "Estás aqui, nunca me esqueço de me relembrar disso."

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