quinta-feira, 30 de novembro de 2023

200-365

 



Muitas vezes no nosso dia-a-dia, deixamos que as palavras ou atitudes dos outros influenciem o nosso estado de espírito. Quantas vezes, por exemplo, já ouvimos dizer (ou nós mesmos já pronunciamos) a frase "ele/a tira-me do sério!" Ou o contrário "ele/a faz-me bem." Tendemos a responsabilizar os outros pelo que vai cá dentro. Mas, vários professores falam sobre isto, e faz todo o sentido: não é o outro que nos tira do sério: tudo o que sentimos, tudo o que vai cá dentro, é aqui dentro que o sentimos e é aqui dentro que se origina. É como se tivéssemos dentro de nós vários cómodos. Alguns, estão às escuras, não os percebemos, a não ser quando alguma luz os ilumina. A questão é que não é essa luz de fora que os cria: ela apenas mostra que eles estão lá. Aquela raiva, amor, já existe em nós e, com determinados gatilhos, revela-se. 

Cada vez que um pessoa nos diz alguma coisa, essa frase passa por vários filtros da nossa mente. Ouvimos, processamos os sons, entendemos o seu significado, e depois atribuimos-lhe um sentido que vai gerar em nós uma sensação e, possivelmente, uma emoção. O que dá peso a um gatilho é o processamento que lhe damos. A mesma coisa dita por pessoas diferentes, em contextos diferentes, tem peso e conotação completamente diferente para nós. Por exemplo, a simples frase "Olá, querida", se a ouvir de alguém que ama, soa carinhosa, amorosa. Se a ouvir de alguém com quem não tem uma boa relação, pode soar-lhe irónica, provocativa. Se estiver a caminhar na rua e alguma pessoa desconhecida lhe gritar "odeio-te!", isso, provavelmente, vai deixá-lo espantado mas indiferente, neutro. Se, no meio de uma discussão com o seu filho, ele gritar "odeio-te!", isso vai magoá-lo profundamente. Se algum professor que admira lhe disser "que trabalho maravilhoso!", vai sentir uma satisfação muito maior do que se for dito por um grande amigo. Se eu tenho problemas de auto-estima, facilmente coisas que outros dizem, podem ligar holofotes nesse meu problema. Se sou autoconfiante, dificilmente irei sentir-me abalada pelas mesmas coisas. Não são os outros, não são as palavras que nos geram determinadas emoções. Não é o que é dito que dita como nos sentimos, é o que sentimos - os nossos apegos, aversões, medos, identificações - que dita como processamos o que ouvimos. Então, os gatilhos podem funcionar como sinais de alerta: há algo aqui, em mim, no qual eu tenho que trabalhar. Se é cá dentro que tudo acontece, é cá dentro que tudo se pode resolver. E a melhor notícia: só depende de nós. É a velha máxima: "A felicidade é um trabalho interno." (Só é preciso coragem para o abraçar...)

Sem comentários:

Enviar um comentário