quinta-feira, 16 de novembro de 2023

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Quando era pequena, na minha turma da escola havia outras Joanas. Para diferenciar das outras, passei a ser a Joana Gabriela. Não era um nome que me agradasse muito. Não sei porquê, mas até certa idade, embirrava com o nome "Gabriela". Quando entrei para a ginástica, passei a ser "Joana Alves". Então, dos 6 aos 14 anos, eu era Joana Gabriela na escola e Joana Alves na ginástica. Quando entrei para a Faculdade de Direito, já tinha feito as pazes com o meu "Gabriela" e quando entrei para a equipa de futsal feminino, e escolhi "Gabi" para ter nas costas da camisola. A partir daí, durante aqueles 4 anos de Direito, toda a gente me chamava Gabi. Algumas pessoas chamam-me, carinhosamente, Joaninha. Na Escola Superior de Música de Lisboa era simplesmente Joana. Quando casei, em algumas ocasiões passei a ser chamada "Joana Rezende", e quando me mudei para o Brasil, algumas pessoas aqui começaram a chamar-me "Jô". Para o meu irmão, sempre fui a "mana" ou a "maninha". Para os meus pais sou "filhota", e para o Mateus, tornei-me a "mamãe".

Todos nós vestimos muitas "peles" na interação com os outros. Talvez cada um desses nomes pelos quais sou chamada, se dirija a recantos específicos de mim mesma ou corresponda a certos espectros meus. Mas há alguma coisa que permeia todos os nomes, uma Luz que ilumina todos esses cantos, que percorre e dá vida a cada uma dessas camadas. Cada uma delas é tecida pelo mesmo fio. Aquele pedacinho inviolável, intocável, eterno que responde à pergunta mais essencial de todas: quem sou eu? Essa é a pergunta mais premente, a que nos faz atravessar todas as camadas e vislumbrar o que está para além delas. E essa deve ser a nossa eterna busca.

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