sábado, 3 de junho de 2023

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Quando estamos a atravessar uma fase complicada seja por que razão for (saúde, trabalho, relacionamentos, dinheiro), é fácil deixar a mente escapar para pensamentos derrotistas, negativos. Esse tipo de pensamentos gera em nós emoções de baixa vibração como medo, ansiedade, raiva, tristeza. Quanto mais vibramos nessas emoções, mais o nosso corpo responde com a produção de hormónios (cortisol, adrenalina) que reforçam a nossa sensação de stress, ansiedade ou mesmo depressão, e menos produz hormónios que nos causam sensação de bem-estar (dopamina, serotonina, ocitocina). Pensamentos geram emoções que geram sensações que perpetuam os pensamentos que geram as emoções. É comum dizer-se (e ouvir-se) nessas fases "pensa positivo!" Sim, essa é uma das saídas. Gerar novos pensamentos, mais elevados, positivos, gera, por sua vez, novas emoções. A questão é que de todos - pensamento, emoção e sensação - o pensamento é o mais subtil. Então, outra saída é começar pelo corpo, que é o mais denso e, por isso, mais fácil de perceber, aceder e manipular. O corpo, na verdade, reflete todas as nossas emoções. Pense em momentos em que sentiu medo. Como estava o seu corpo? Encolhido, recolhido, ombros para baixo, encurvados. Em momentos em que se sente confiante, feliz, o peito fica aberto, o queixo para o alto. Quando estamos tristes, choramos, quando estamos felizes sorrimos. Quando não está receptivo ao que lhe estão a dizer, cruza os braços. Quando está nervoso, sentado, mexe involuntariamente as pernas ou os dedos das mãos. Quando ouve música, o corpo reage. Quando se sente ansioso, nervoso, sente "borboletas no estômago". Quando está realmente nervoso pode até ficar com um desarranjo intestinal. Em certas situações, não é à toa que dizemos "foi como um soco no estômago." As nossas emoções não são meras vivências mentais: permeiam todo o corpo e todo o corpo armazena as suas memórias. As nossas memórias não ficam apenas guardadas em algum canto do cérebro mas, através do sistema nervoso que percorre o corpo inteiro, ficam em cada célula do corpo. Tensões no corpo, refletem, muitas vezes, tensões emocionais. Por isso, começando por desatar alguns "nós" do corpo, podemos começar a aceder à mente e emoções. Movimente-se, faça yoga, tai chi, Qigong, corrida, musculação, surf, escalada, nade, dance, pule, abane o corpo! Faça uma caminhada, sinta o vento no rosto, os cheiros, observe a Natureza, ative os seus sentidos, a sua percepção. Tudo o que colocar a energia do seu corpo em  movimento é válido. Faça exercícios de respiração. A respiração é uma das formas mais imediatas e eficazes para nos conectarmos com o corpo, com as sensações. Feche os olhos, coloque as mãos sobre o peito e respire. Tente reproduzir algum momento marcante pelo qual seja muito grato. Não pense apenas, mas sinta, sinta no corpo a sensação de gratidão. Procure as sensações no peito, na barriga, nas extremidades. Elas estão aí, nas células do seu corpo. Sinta-as e coloque tudo em movimento: sensações, emoções e pensamentos. Quando se aperceber, estará a pensar de outra forma, a nutrir outras emoções e sensações. Não desista! O seu corpo sabe as respostas. Aprenda a fazer as perguntas.


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