sexta-feira, 9 de junho de 2023

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Hoje fomos passear ao parque. Um dos meus lugares favoritos aqui em São Paulo. Adoro sentir o vento no rosto, contemplar as árvores, variadas, frondosas, as flores coloridas, o lago e, nesta época, as folhas de outono que vão balançando e caindo com o vento, confundindo o nosso olhar quando dançam em torno do voo das borboletas.
Hoje, parei diante de uma árvore enorme. Pensei há quantos anos estaria ali. Certamente bem mais que a minha idade e, acredito que continuará ali, bem firme depois de eu já te virado pó. Encostei a minha mão ao seu tronco. Então, observei que a minha mão e o tronco partilham uma rugosidade semelhante. Pequenos sulcos percorrem a minha mão em todas as direções, linhas que se estendem e cruzam pela minha mão formam um enorme emaranhado de pequenas, minúsculas formas. Rugas subtis vão aparecendo com o passar dos anos. Não as temo nem lamento: ajudam a contar e escrever a minha história. Também o tronco exibe sulcos que formam um enorme emaranhado semelhante ao da minha mão, como um puzzle de milhares e milhares de peças encaixadas umas nas outras. E também o tronco ajuda a contar a história da árvore. A Natureza é cheia de formas que se mimetizam. A copa das árvores é semelhante ao formato do nosso pulmão. Se observarmos uma cenoura cortada, percebemos a semelhança com o nosso olho. O formato da noz lembra o do cérebro. Imagens do espaço, da imensa rede cósmica, são idênticas às da nossa rede neural. Não será por acaso. Somos todos feitos da mesma matéria, somos todos parte de uma mesma coisa, entrelaçada nas linhas da minha mão, nos sulcos do tronco da árvore. Somos incontáveis peças minúsculas que se encaixam para formar esta enorme teia a que chamamos Vida.

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