quinta-feira, 15 de junho de 2023

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Começou uma das minhas épocas preferidas em São Paulo: a florada dos ipês! A cada dia somos surpreendidos por um novo ipê total e inesperadamente coberto de flores. Quem abre a temporada é o ipê-roxo que, vá-se lá entender, fica coberto de flores, aos meus olhos, cor-de-rosa. Um dia passamos na rua, a árvore está repleta de grandes folhas verdes. Uns dias depois, como por milagre, a mesma árvore aparece decorada de rosa, com aquelas flores de ipê que, quando observadas de longe, sugerem um formato arredondado. Passem os anos que passarem, os ipês floridos continuam a aquecer o meu coração e a provocar-me sorrisos. Não me canso de os admirar, de os contemplar. As flores não ficam muito tempo nas árvores. Passado algumas semanas ou poucos dias, no caso do ipê-branco, proporcionam-nos uma nova moldura para admirar: tapetes de flores no chão. E eis que a árvore fica despida, novamente. Por vários meses ou até um ano.
Os ipês relembram-nos os ciclos da vida. As flores nascem e morrem. Seguem o seu ciclo. Passam-se meses e meses em que parece impossível que aquela árvore se vá transformar novamente naquele espetáculo da natureza. Durante a maioria do ano, o ipê passa totalmente despercebido, como qualquer árvore comum. Espera, pacientemente para, no tempo certo, e durante um curto período, despontar numa beleza única e marcante. Também a nossa vida é feita de ciclos, fases. Assim como as coisas nascem, morrem. Há tempo de esperar, tempo de florir, murchar e tempo de renovar. Por mais que pareça que, em algumas fases, nada aconteça, nada floresça, é certo que,  um dia, quando menos esperamos, a vida se renova, se reinventa, renasce. Confie no fluxo da vida. Assim como no ipê, as flores podem tardar, mas fazem valer a pena a espera. 

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