domingo, 11 de junho de 2023

A caminho dos 42...(1)

 Nasci cerca de duas semanas antes do previsto. Esse facto, por si só, não tem nada de invulgar. Muitos bebés nascem um pouco antes do tempo. O único problema é que já estava marcada uma cesariana devido à minha posição: girei meia volta a mais na barriga da minha mãe e fiquei com os pés perfeitamente apontados para baixo. A minha mãe brinca sempre que, já na barriga, eu gostava de fazer cambalhotas e acrobacias, que a minha paixão pela ginástica já vinha desde o útero. Acho que deve ser verdade. Essa vontade inata de transcender o corpo, de o usar como uma ferramenta para chegar mais além, já devia estar comigo desde a barriga da minha mãe. Não será por acaso que eu sempre adorei tudo o que era acrobacia. Ainda hoje me fascina e, atualmente, através do yoga e outras atividades, continuo a tentar conhecer o meu corpo e aprender a usá-lo como ele é: um veículo, uma ferramenta de autoconhecimento.

O meu parto foi tão rápido e inesperado que o meu pai não chegou a tempo de me ver nascer. Também não deu tempo de fazer a tal cesariana, e nasci assim mesmo como estava: com os pés. Não imagino o pânico do obstetra que, daquele dia em diante, dizia sempre à minha mãe, com um certo alívio na voz, "o meu primeiro parto pélvico..." Naquele dia, não mudei apenas a vida dos meus pais, mas marquei o percurso profissional do dr Moniz. Daqui a duas semanas, faz 42 anos sobre aquele dia. Era véspera de São João, por isso, os meus pais escolheram o nome Joana. Até àquele dia, achavam que ia nascer um menino, e só tinham decidido nome de menino. Talvez não seja por acaso a minha paixão por futebol, e o facto de ter sido sempre maria-rapaz...Vá-se lá saber...Há coisas que parece que já estavam connosco desde o princípio. Não sei se já chutava muito na barriga, mas girar sobre mim mesma, rodar, dar cambalhotas, isso, sem dúvida, foi desde muito tenra idade. Como diria a minha avó "o que tem de ser, tem muita força". 

Sem comentários:

Enviar um comentário