terça-feira, 31 de janeiro de 2023

31-365

 


Noite atípica. Um apagão generalizado no bairro. Como, ao mesmo tempo, chovia, caminhei até casa pelas ruas apenas iluminadas pelas luzes dos carros que passavam e dos relâmpagos que rasgavam o céu de tempos em tempos.
Em casa, velas acesas em vários cantos. Entro no quarto para trocar de roupa e, inconscientemente, aperto o interruptor. Eu sei que não há luz. Já sabia que não havia luz quando entrei no quarto com o auxílio da lanterna do telemóvel! Mas a minha mente insiste em ordenar o meu dedo a fazer o gesto habitual quando se encontra perante a escuridão (e ele, por sua vez, obedece sem titubear): acender a luz. E eis a reflexão: quantos gestos na nossa vida, quantas ações e, principalmente, reações fazemos sem sequer ponderar por que o estamos a fazer? Quantos "pilotos-automáticos" nos levam a lugares inúteis (como tentar ligar a luz quando não há energia) ou a lugares indesejáveis (como ter a mesma discussão, com as mesmas argumentações, pela centésima vez)? E é tudo uma questão de atenção: só tentei acender a luz na primeira vez. Nas seguintes, a minha mente já estava focada, já tinha entendido que era hora de sair do piloto-automático. A nossa mente não é nossa inimiga: se soubermos dar-lhe a atenção devida, é nossa aliada na mudança. A questão é saber o quanto estamos dispostos a investir da nossa energia nessa mudança. É mais simples seguir automatismos do que estar atento, mas automatismos... nem sempre acendem luzes. Atenção leva-nos onde queremos, automatismos não nos tiram do mesmo lugar.

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