domingo, 22 de janeiro de 2023

22-365

 


Quando era adolescente, sempre me questionei "De onde vim? Para onde vou? Por que estou aqui? Quem sou eu?" Divagava e filosofava com um ou outro amigo que partilhava os mesmos questionamentos. Percebia em músicas e filmes que não estava sozinha nessas dúvidas mas, ainda assim, muitas vezes, sentia-me "um peixe fora d'água". Nem melhor nem pior que ninguém, apenas diferente. Parecia-me que a maioria dos que me rodeavam, aceitava bem a condição de andar por aqui sem saber como nem porquê ou para quê. Eu nunca me acomodei. Talvez por isso eu tenha procurado (e me encontrado) na Arte.
Hoje sei que não estou nem nunca estive sozinha: há milhares de anos que o ser humano busca essas respostas. Podemos ler textos que remontam a séculos antes de Cristo (Lao Zi,  filósofos gregos, Bhagavad Gita, só para citar alguns) e estarão lá, os mesmos anseios, as mesmas angústias e, mais ainda, as mesmas respostas. Cada um com a sua construção, as suas palavras próprias mas, se olharmos a fundo, a essência é a mesma. Parece-me fascinante que tantas correntes de pensamento, tantas pessoas no mundo, de tantas áreas diferentes, de épocas totalmente distintas, façam perguntas idênticas e arrisquem respostas semelhantes. Já leram a origem do universo sob a perspectiva de várias religiões e mitologias? E o Big Bang, descrito aos olhos da Física Quântica? Ficariam surpresos como tudo se assemelha. Não pode ser por acaso. O que eu sei é que somos, por natureza, buscadores. Cá dentro, todos nos questionamos, todos temos angústias, todos queremos respostas. Todos temos medos, todos sofremos. Só não ouvimos falar disso, e podemos cair no erro de achar que estamos sozinhos. (Ainda para mais neste mundo em que vivemos, em em que as redes sociais são vitrines de vidas, aparentemente, perfeitas.) Então, hoje, queria apenas dizer aqui: não está sozinho. Não está. Nunca estamos. Leia, procure, pergunte, leia mais, rejeite, busque. Em algum lugar vai encontrar alguém a dizer aquilo que precisa ouvir, alguém que "fala a sua língua", que coloca as mesmas questões e que as respostas reverberam em si, de uma forma que o seu corpo lhe diz que sim, é por ali. Não procure entender intelectualmente: sinta. Um arrepio, um súbito relaxamento, uma entrega, ou um entusiasmo que o percorre como ondas. Continue à procura, não desanime com as dúvidas, com a ausência de respostas. Não tenha medo de não saber, medo de se sentir perdido,  porque "É a pergunta que nos impulsiona" ( The Matrix). 

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