terça-feira, 24 de janeiro de 2023

24-365

 


Ontem conversava com o meu filho - que já está a caminho dos 13 anos! - sobre a tendência que o ser humano tem para perpetuar padrões. A conversa surgiu a propósito de um comentário dele: "acho curioso que "fulano" fica todo chateado quando lhe dizem "A" e lhe fazem tal coisa mas, na primeira oportunidade, ele faz e diz exatamente a mesma coisa a outra pessoa. Se ele não gostou que lhe fizessem isso, por que ele faz também?"
É uma questão muito interessante. Nós, seres humanos, tendemos a repetir padrões. Disse ao meu filho "Sabias que muitas pessoas que sofreram violência e abusos em crianças, tornam-se adultos que replicam essa violência e abusos nos outros?" Ele ficou surpreso. Mas pensem bem: qual de nós não deu por si, em algum momento, a dizer e fazer coisas que pensa "meu Deus, eu sou o meu pai/mãe a falar!" Mesmo quando são coisas que, um dia, pensámos que jamais iríamos dizer ou fazer. Olhe ao seu redor, e veja quantos padrões da sua infância estão replicados na sua vida? Observe com atenção. É outro contexto, outra "roupagem", mas o mesmo padrão, a mesma carga emocional resultante dele. Continuei a dizer ao meu filho "quantas vezes nos irritamos na rua, na escola, no trabalho, alguém nos trata mal e, ao chegar a casa, não conseguimos evitar descontar em quem nos é mais próximo? Já reparaste que, quando fazemos isso, estamos a perpetuar um padrão negativo? Foram antipáticos comigo, eu fiquei chateada, nervosa, sem paciência e, lá na frente, acabo por ser antipática com outra pessoa que não tinha nada a ver com a história."
A verdade é que a própria Natureza é feita de padrões: as folhas das árvores, as sementes das frutas, as conchas do mar, as pétalas das flores. Da mesma forma, vamos sempre ter padrões na nossa vida. A primeira questão é: percebermos os padrões, termos a capacidade de os identificar. Esta talvez seja a tarefa mais difícil. Estamos rodeados de "espelhos", mas nem sempre estamos preparados para olhar para eles ou para enfrentar o que eles nos mostram. A segunda, tão ou mais importante, é decidir se esse padrão que identificámos deve permanecer. Eu sugeri ao meu filho o que vou sugerir aqui: por que não investir mais em dar continuidade a padrões positivos e em criá-los? Se alguém foi gentil consigo, passe essa gentileza adiante. E pratique atos de generosidade, gratuitos, desinteressados - quem sabe esse ato reverba em outras pessoas e se estende numa cadeia mais vasta? (Eu acho que a máxima sugerida há mais de 2000 anos por Jesus Cristo, continua a ser a mais sábia: faça aos outros aquilo que gostaria que lhe fizessem.) Acima de tudo, descarte tudo aquilo que não lhe serve mais. Não importa o que lhe fizeram, não importa em qual padrão foi emaranhado: o que importa é o que escolhe fazer com isso. Coisas que nos trazem emoções negativas, que nos amarram, nos impedem de evoluir, não devem ser mantidas. Pode estar há 20 anos sob esse padrão! Não tem importância: basta um dia para decidir libertar-se dele! Solte as amarras e arrisque novos rumos! 

Sem comentários:

Enviar um comentário