segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

30-365

 


Hoje, ao voltar para casa, ouvi grilos a cantar. Em um ápice senti-me na beira da piscina em Monte Gordo, numa noite de verão. Nas férias de verão, era uma das minhas coisas preferidas: ouvir o canto dos grilos ecoar no silêncio das noites quentes. Em Vila Nova de Milfontes também. O canto do grilos ficou, para mim associado a noites de verão na praia e, ao ouvi-lo, sinto como se me transportasse para outro lugar. É impressionante como certos cheiros, sabores e sons nos levam de volta no tempo e no espaço! Sentimos aquele cheiro de bolo ou de tempero e estamos na casa da mãe ou da avó, comemos alguma coisa e voltamos no tempo - ainda esta semana comi uma abóbora grelhada que, não sei porquê (porque a minha avó, que me recorde, nunca cozinhou nada parecido!) me fez lembrar alguma coisa que a minha avó fazia e senti um gostinho de infância que nem soube bem explicar porquê - sentimos um perfume e lembramo-nos de alguém ou de algum lugar. E as músicas... há músicas que nos levam de volta a um concerto, a uma festa, a um evento em particular e outras, levam-nos de volta exatamente ao que sentíamos e pensávamos na época em que as ouvíamos em loop. A memória é tão curiosa quanto imprevisível. Nunca sabemos qual momento estamos a viver e que vai ficar gravado na nossa memória. Mesmo quando são coisas absolutamente marcantes e previsivelmente eternas, nunca sabemos de que forma vão ficar gravadas em nós. Às vezes, só percebemos que essas coisas vivem em nós quando, de repente, um cheiro, um sabor ou um som nos devolvem algum momento que parecia ter ficado perdido. Dizem que "recordar é viver" mas acho que o mais acertado seria "recordar é re-viver", pois viver...só se vive uma vez. Aproveite-a bem! E talvez tenha a felicidade de poder revivê-la.

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