sexta-feira, 14 de julho de 2023

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Um dos maiores desafios da vida é lidar com o medo. E o medo, nada mais é do que uma antecipação de um desfecho que se prevê negativo. Mas apenas podemos antever esse desfecho negativo no futuro porque já o vimos acontecer no passado. Então o medo é uma projeção que fazemos de um evento passado num evento futuro. Percebi isso em tenra idade. Quando comecei a praticar ginástica artística era uma alegre e totalmente inconsequente criança. Todos os movimentos novos eram uma alegria! Eu não era corajosa. Eu apenas tinha uma total ignorância acerca das possíveis consequências das minhas acrobacias. O problema começou quando eu fui caindo aqui e ali, ou fui vendo os outros a cair, ou fui ganhando consciência do que realmente estava envolvido em determinados processos. Rapidamente, aquela sementinha do medo foi criando raízes. O que antes era pura diversão e aventura, começou a ter uma sombra de "e se" 's atrelada: "e se eu escorregar?", "e se o pé/mão 'escapar' ". O mais difícil era ter uma queda feia em algum exercício e ter de o executar novamente poucos minutos depois. O passado parecia presente demais para seguir adiante com o futuro daquele movimento. Muitas vezes estagnávamos, entre a vontade de conseguir e o receio de falhar. E assim é na vida também. Porque temos receio de nos entregar? De amar? De perdoar? De criar uma coisa nova? De mudar? Por eventos passados que se intrometem no nosso presente. Se fôssemos aquela alegre criança pequena ancorada no Presente e que não projeta futuros, seria fácil. Mas a verdadeira coragem é ousar agir contra toda e qualquer possibilidade que se nos apresente. A verdadeira coragem é escolher agir mesmo que seja para errar, cair, falhar. Porque - e isso eu também aprendi na ginástica - ninguém aprende sem cair algumas vezes. Todas as quedas trazem uma lição. A queda não acontece para nos bloquear, para nos fazer desistir, mas para nos mostrar o caminho certo, a melhor forma de lá chegar. A verdadeira coragem é, apesar de saber que existem inúmeras razões e possibilidades de a coisa não correr bem, escolher acreditar que o melhor cenário também é possível.
Para quê tanto medo? Na pior das hipóteses, ganhamos experiência e aprendizado que pavimentarão o nosso caminho. Na melhor das hipóteses? Não há limites para onde a coragem nos pode levar.

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