segunda-feira, 31 de julho de 2023

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A maioria de nós começou a aprender a andar de bicicleta com alguém a segurar-nos na bicicleta atrás para nos ajudar a equilibrar. Aos poucos, fomos conseguindo equilibrar-nos sozinhos. Depois, vem o desafio de começar sozinho. Aquele primeiro impulso não é fácil, com um pé no chão e outro no pedal, exige força e desafia o nosso equilíbrio inicial. No momento em que impulsionamos, a bicicleta tomba. Quando se consegue dar as primeiras pedaladas, as outras ficam mais fáceis e o equilíbrio estabelece-se à medida que ganhamos velocidade. Tal como quando nos balançamos num baloiço ou giramos naqueles brinquedos de parque infantil. Os primeiros movimentos exigem fisicamente de nós, mas quando o movimento começa a encadear-se, o esforço diminui e é só seguir o fluxo. Também no skate, o gesto de dar impulso é instável, com um pé no skate e o outro a empurrar o chão para trás. Com os dois pés assentes no skate, é mais fácil equilibrar-se. E é assim com tudo: as primeiras palavras numa apresentação ou discurso, as primeiras notas no instrumento num recital, começar a dieta, começar a ler o livro, começar a aprender uma coisa nova, começar a fazer exercício, começar uma vida sem aquele vício.

O primeiro gesto, o que nos tira da inércia, é o mais difícil. Colocar a energia em movimento, é o mais difícil. A inércia empurra-nos para baixo com a força invisível da gravidade, mantem-nos agarrados a ela, estagnados na nossa zona de conforto. Romper a inércia exige força de vontade, mas a boa notícia é que o movimento alimenta o movimento: quanto mais damos passos para que a energia se mova, mais fácil é continuarmos a mover-nos. Não é exagero dizer que, quanto menos fazemos, menos energia temos para fazer, e quanto mais fazemos, mais energia sentimos para continuar a fazer.
(E vão três dias seguidos de exercício físico.)

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