quinta-feira, 9 de março de 2023

68-365

 


Ontem tivemos uma tempestade imensa aqui em São Paulo. Ruas alagadas, trânsito infernal, quedas de árvores, acidentes.
Na volta para casa, já totalmente encharcada, dentro do autocarro (ônibus), dei por mim a apreciar a beleza da água da chuva a descer pelos vidros, como se fosse uma forte cascata. O efeito da água a cair, ritmado, criava belas formas. Entrei no autocarro quando ainda havia lugares para sentar, o que foi ótimo porque a volta, devido ao trânsito, foi bem mais demorada que o normal. Por estar com a roupa e cabelo encharcados (sim, eu tinha guarda-chuva mas, com a intensidade da chuva e do vento, de pouco serviu), o ar condicionado do autocarro (normalmente uma benção no calor de São Paulo) começou a fazer-me sentir frio. Aproveitei para pôr em prática técnicas de respiração do yoga que têm como efeito trazer calor ao corpo. Aos poucos, fui ficando confortável dentro do desconforto da roupa molhada e do frio, a ponto de sorrir. Ao chegar a casa entrei num banho quente e vesti roupas secas. Apesar de ter perdido aulas, ter apanhado muita chuva, atravessado ruas com água pelos joelhos, e ter demorado uma eternidade para fazer o percurso da volta para casa, também presenciei um espetáculo da natureza, tive lugar sentada no autocarro, consegui aplicar na prática técnicas que me trouxeram conforto e, no final de tudo, senti-me genuinamente grata e feliz de ter chegado sã e salva a casa, com a minha família, e também pelo privilégio de poder tomar um maravilhoso banho quente, vestir roupas secas e confortáveis e ter um teto sobre a cabeça. A felicidade mora nas coisas simples e também na forma como enfrentamos as mais complicadas.

Sem comentários:

Enviar um comentário