quarta-feira, 29 de março de 2023

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Há dias atrás, estava à espera para subir no elevador para dar uma aula. Um funcionário da portaria/manutenção aproximou-se com uma embalagem de aplicativo de entrega de comida na mão e ficou também a aguardar. Quando o elevador chegou onde estávamos, eu entrei, e ele não se moveu. Perguntei "Não vai subir?" Constrangido, gaguejou "Hmm...sim...vou." Percebendo que me confundiu com moradora/visitante, acrescentei "Pode subir, ppr favor, não tem problema." Ele agradeceu e entrou.

Esta é uma realidade à qual não me habituei aqui em São Paulo. A separação abissal entre elevador social e elevador de serviço. A separação entre quem pode estar com quem no elevador. Não raras vezes fui indicada pelos funcionários do prédio a subir pelo elevador de serviço e, chegando ao apartamento, percebo o constrangimento do morador "Ah, pode vir pelo social, por favor." Esta segregação premente, persistente, enraizada, é uma coisa que entristece na sociedade brasileira. Uma sociedade tão rica, tão bela pela sua diversidade. E há um abismo entre o mundo em que uns (se movem e) vivem e os outros. 

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