sábado, 4 de março de 2023

O que Jesus faria (9)

 


Um tema fulcral nos ensinamentos de Jesus é o perdão. Talvez por Jesus saber que perdão é um assunto delicado para nós, (como é difícil, por vezes, perdoar!) e essencial não só para as nossas relações mas também para a nossa própria saúde emocional e mental.
Estudos científicos têm vindo a comprovar os benefícios do perdão para a nossa saúde. O acto de perdoar reduz o risco de ataque cardíaco, melhora os níveis de colesterol e a qualidade do sono, reduz dor, pressão arterial e níveis de ansiedade, depressão e stress (Universidade de Harvard). Um estudo realizado pela psicanalista Suzana Avezum apontou uma relação entre a dificuldade de perdoar e a ocorrência de enfarte agudo do miocárdio.
"A ruminação da mágoa e a revivescência do evento mantêm o stress e o corpo fica exposto a essas respostas fisiológicas, o que pode produzir patologias. Quando se trabalha o perdão, há o relaxamento das defesas do organismo, cura da mágoa e do corpo". A Faculdade de Medicina da Universidade Johns Hopkins (Baltimore) partilha da mesma conclusão "A raiva é uma forma de stress e, por isso, quando nos apegamos à raiva é como se estivéssemos a ativar a resposta ao stress no nosso corpo, ou resposta de luta ou fuga, de forma crónica. Sabemos que a ativação crónica dessa resposta leva a um desgaste no corpo. Não será surpreendente que, ao envolvermo-nos num acto de perdão, a resposta de stress comece a cessar e as mudanças psicológicas acompanhem essa mudança."
Uma das dificuldades no perdão, é que achamos que o que ocorreu é demasiado grave, que a falta do outro não merece perdão ou, talvez até, que seremos fracos ou tontos se perdoarmos, mas a questão é que o perdão não é um merecimento do outro: é uma dádiva nossa e, em última análise, para nós mesmos. Nas palavras de Everett Worthington, professor de Psicologia na Universidade Virginia Commonwealth, "Para podermos curar os nossos corações, o perdão é essencial. Perceba que o perdão é para nós, não para eles. É lamentável que alguém nos tenha causado mal, mas apegarmo-nos aos sentimentos negativos em relação a essa pessoa só nos magoa a nós mesmos. O perdão exige prática e nem sempre é uma decisão de um momento único. Por vezes, é necessário perdoar algumas ofensas todos os dias até começarmos a lembrar-nos menos e menos delas."
"Então, Pedro, aproximando-se dele, disse: Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete? Jesus lhe disse: Não te digo que até sete, mas até setenta vezes sete." Jesus, há mais de 2000 anos atrás, já nos ensinou a importância de perdoar, não apenas por uma questão de convivência, mas porque sabia que o perdão é uma ferramenta essencial na construção da nossa saúde e felicidade. "Perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido." "(...) vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão; depois, volta para apresentar a tua oferta [no altar]." Sem perdão, não há paz de espírito. E assim como disse "amai-vos uns aos outros", orientou que "lhe são perdoados os seus muitos pecados, porque muito amou: Mas aquele a quem pouco se perdoa, pouco amou."
Amor e perdão andam de mãos dadas. E não temos de amar quem nos ofendeu ou magoou, mas é essencial que nos amemos a nós próprios e nos demos, de presente para nós mesmos, o perdão, não para benefício do outro, mas para nossa cura. Isso inclui a difícil tarefa de nos perdoarmos a nós mesmos. É preciso relembrarmo-nos que, por mais que tenhamos feito escolhas equivocadas, foram as melhores que poderíamos ter feito com a informação de que dispunhamos e sendo a pessoa que éramos naquele tempo.
Quando se encontrar numa situação difícil, dolorosa - ou se tem ainda alguma pendente do passado - invista a sua energia em perdoar, seja outra pessoa ou a si mesmo. A outra pessoa nem tem de saber. O perdão não tem de ser exteriorizado para o outro, tem de ser vivido em nós mesmos, para nós mesmos, por nós mesmos. Nesta temática, a resposta à pergunta "o que Jesus faria" é inequívoca: Jesus perdoaria (tal como perdoou a todos os que o ofenderam e maltrataram). 

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