segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

58-365

Um dia destes, seguia eu a caminhar pela rua, e vejo um senhor a passear com o seu cachorro um pouco à minha frente. Alguns metros depois, o cachorro pára para fazer as suas necessidades. Prontamente, o senhor tira uma sacola do bolso e apanha as ditas necessidades do chão. Ainda estava eu a pensar "Que atitude louvável, de cidadania", a elogiar mentalmente o senhor quando, sem hesitar, e interrompendo bruscamente os meus elogios mentais, ele atira a sacola para a primeira árvore que lhe apareceu à frente! Lá ficaram as necessidades do bicho enfiadas num saco, no chão, ao lado de uma árvore. E eu: incrédula. O que parecia uma atitude tão boa, transformou-se, em poucos segundos, numa atitude, no mínimo, estranha. Mas fez-me refletir: quantas vezes julgamos uma atitude ao ver apenas uma parte dela? Se eu tivesse passado pelo senhor a caminhar na direção oposta e só tivesse visto a primeira parte da história, teria achado que o senhor tinha sido um cidadão exemplar. Quantas vezes uma boa atitude esconde uma má intenção? E o contrário também: quantas vezes julgamos mal algumas atitudes por não as entendermos completamente? Quantas vezes vemos apenas uma parte da história e criamos um julgamento totalmente equivocado? Aliás, a bem da verdade, nós vemos sempre apenas um lado, uma parte da história. Não nos apressemos a julgar, a rotular em bom ou mau. Até porque uma coisa boa pode revelar-se má e vice-versa. E, até em coisas que nos parecem más, como no episódio que narrei, há alguma coisa boa que se pode tirar: pelo menos, foi uma mina a menos no campo minado que se tornam certas calçadas. Evitou que alguém pisasse aquilo.

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